Neste domingo (01/09), a celebração foi no Parque Belém, que fica na zona leste da capital paulista. A festa começou às 11h com a Banda Renegados, de Fortaleza (CE), que abriu o dia com o rock dos anos 50, 60 e 70. O show contou com a participação do cantor Pingo de Fortaleza, que trouxe a São Paulo o projeto Pérolas de Centauro, que marca os 30 anos de sua carreira com uma homenagem aos grandes músicos e poetas cearenses.
Durante a tarde, as poetisas negras do Mjiba convidaram Jenyffer Nascimento, Lu’z Ribeiro, Mel Duarte e Raquel Almeida para uma apresentação com o músico Rafael Emílio. Entre as composições, poemas do livro Águas da Cabaça, lançado recentemente pela jornalista Elizandra Souza. O DJ Erry-G subiu ao palco para resgatar o elo entre as pick-ups, a batida dub da Jamaica e a percussão africana, com o show Dos Tambores aos Toca Discos, que agitou o público, formado em grande parte por famílias e crianças.
Ao longo do dia, o samba marcou presença e o partido alto começou com as canções inéditas do novo disco de Chapinha, Coisa Comum, e parte de seu repertório consagrado no Samba da Vela. Os grupos Ministério do Samba e Dolores Boca Aberta continuaram a festa, que foi encerrada com o melhor do samba paulista de Osvaldinho da Cuíca e Kiko Dinucci. O cortejo do bloco afro Ilú Obá de Min envolveu a todos os presentes, fechando a semana de atividade do Estéticas das Periferias, que nesta edição contou com mais de 150 atrações e ocupou 43 espaços culturais da capital paulista, 40 deles em regiões periféricas.
Entre os avanços desta edição, o coordenador da área de cultura, Eleilson Leite, ressalta o processo de apropriação do Estéticas das Periferias pelos movimentos culturais. “Quando pensado inicialmente, o [encontro] Estéticas era pra ser um ciclo de eventos, com apenas três edições. O que pudemos constatar, este ano, é que movido pela vontade daqueles que realizam esse grande encontro, o desejo era de que ele se tornasse um espaço permanente de difusão das produções culturais de periferia. O que somente foi possível pela sua natureza de coalisão, sem uma hierarquia estabelecida. A junção de esforços para pensar e organizar o evento, que começa com o trabalho do grupo curatorial, é responsável pela proporção alcançada e certamente pela transformação e crescimento do Estéticas das Perifeiras”, comenta.
Circuito Cultural Periférico
Em 2013, o Encontro Estéticas das Periferias ampliou sua presença nos bairros periféricos da cidade. Entre os espaços que receberam shows, debates, mostras e exposições, destaque para 17 Centros Educacionais Unificados (CEUs), oito Fábricas de Cultura, quatro centros culturais, cinco bibliotecas municipais, 15 ônibus-bibliotecas, além de SESC Belenzinho, Auditório do Ibirapuera e Museu do Futebol.
Na abertura, mostrando a qualidade artística da cultura periférica, o Núcleo Bartolomeu de Depoimento levou ao palco do Auditório Ibirapuera a peça “Orfeu Mestiço – uma hip-hópera brasileira”, espetáculo ganhador dos prêmios Shell de Melhor Atriz (Roberta Estrela D’Alva) e CPT Melhor Projeto Sonoro (Eugênio Lima). Em uma montagem exclusiva, que emocionou o público que lotou o local, a peça contou com participação especial de Jair Rodrigues, Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Clarianas e do bloco afro Ilú Obá De Min.
Entre as outras atrações, o músico Criolo realizou dois shows inéditos e especiais para o evento, no Centro Cultural São Paulo e no CEU Cidade Dutra. No repertório, sambas de composição própria e da roda de samba Pagode da 27, do Grajaú, bairro da zona sul onde nasceu e foi criado.
Os CEUs receberam vários shows no dia 31, subiram ao palco a cantora Fabiana Cozza (CEU Perus); Kiko Dinucci e Osvaldinho da Cuíca (CEU Butantã); Fernandinho Beat Box (CEU Vila Rubi); Rodrigo Campos (CEU Rosa da China); Dexter (CEU Jaçanã), e muito mais.
Todas as atrações foram organizadas a partir de quatro eixos curatoriais: Direito à Cidade; Culturas Negras; Cultura de Paz e Produção e Difusão da Cultura de Periferia.
Bate papo
O seminário realizado para debater a produção cultural da periferia, que aconteceu no Estéticas das Periferias 2011 e 2012, foi substituído por rodas de conversa temáticas, que ocorreram ao longo da programação da mostra e se concentraram no Sesc Belezinho.
A programação incluiu os bate papos sobre contexto social e criação estética da literatura periférica, com Heloísa Buarque de Hollanda, Elizandra Souza, Michel Yakini e o poeta Binho; artes visuais periféricas, com Tikka Meszaros, Sergio Franco e os coletivos Imargem e Opni; economia criativa, com Rafael Mesquita e Fernando Range; e cultura negra e mercado.
Sobre o Encontro Estéticas das Periferias
O Encontro Estéticas das Periferias é resultado da parceria entre a ONG Ação Educativa, Auditório do Ibirapuera, Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, Centro Cultural São Paulo, Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes, Centro Cultural da Penha, Fábricas de Cultura, Itaú Cultural, Museu do Futebol, Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, SESC-SP, Sistema Municipal de Bibliotecas, VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), Sala CEUs, Rádio Heliópolis, Núcleo de Antropologia Urbana da USP e Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ.
Assim como em 2012, a curadoria do evento foi coletiva. Participaram desse processo Agência Solano Trindade, Canal Motoboy, CAPS (Centro de Arte e Promoção Social), Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, Guerreiros Produções/Instituto Dandara, Ilú Oba de Mim, Imargem, Kultafro, Ministério do Samba, NCA (Núcleo de Comunicação Alternativa), Núcleo Bartolomeu de Teatro, Pombas Urbanas, Quilombaque, Samba da Vela, Sarau Poesia na Brasa/Sarau Elo da Corrente, UNAS (União de Associações de moradores de Heliópolis e Região) e Bodega do Brasil.
Confira a cobertura completa das atrações no site do evento, na seção de Notícias.