O grupo moldou as primeiras articulações da Campanha e decidiu que não deveria esperar acontecer a Rio+20 para se posicionar contra essa economia, para assim já possibilitar aos movimentos, organizações sociais e toda a sociedade civil a reflexão do que realmente está por trás da economia verde, proposta pelos governos e grandes corporações.
Organizações como o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe) e Associação Franciscana de Ecologia (Afes) ficaram na ocasião responsáveis por trazer esta ideia para o Brasil, com o intuito de que outras organizações e pessoas que se interessem pelo objetivo da Campanha ajudem a moldá-la e difundi-la pelo país.
Uma das propostas da Campanha é que seja assumida pelos movimentos sociais, ou seja, não há a intenção de criar uma nova agenda de luta, e sim levar a ideia da Campanha para movimentos sociais e manifestações já existentes cujos ideais coincidam com os dela, para assim somá-las a uma grande mobilização diante desse tema.
“Em contato com a Abong, que se manifestou para somar forças e começar essa articulação nacional, levantamos uma lista significativa de movimentos e organizações com força política e mobilizadora no Brasil, como: MST, MAB, Via Campesina, Assembleia Popular, Movimento Indígena, quilombolas, movimento de moradia, CNBB/pastorais sociais, MNCR [Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis], Comitês Populares para Copa, entre outros”, disse Fabiano Viana, jornalista e assessor de comunicação do Sefras, destacando movimentos que podem ter interesse em se somar à luta.
Sobre a Campanha, que ainda está em processo de formação, ele disse também que “Mesmo que [por enquanto] sejam apenas pequenas articulações, com divulgações de textos e reflexões nos sites, a visualização de um logo que diz ‘Não a esta economia’ já ajuda a despertar o interesse da população para ‘abrir os olhos’ e não se deixar influenciar pelas propostas dessa articulação mundial que busca precificar a vida”.
E o que é a “Economia Verde”?
Com o uso da palavra verde, o termo leva grande parte das pessoas a relacionar esta economia que será proposta na Rio+20 a uma que tenha como prioridade a preservação do meio ambiente. Inclusive, o termo “economia verde” surgiu da atuação de organizações e ambientalistas por um planeta mais sustentável. Dessa forma, para muitos, esse conceito de economia verde está associado a coisas como agricultura orgânica, energia renovável, desenvolvimento de tecnologia limpa, entre outros.
No entanto, quando aparece no Rascunho Zero (documento que servirá de base para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20), não fica explícito o que é a economia verde. Ela é, de forma ambígua, apresentada como “uma ferramenta que contribuirá para o desenvolvimento sustentável”. Segundo Fabiano, “um dos temas principais da Rio+20 será em torno da economia verde com a imagem de que é uma ‘solução’ para o desenvolvimento sustentável e para a erradicação da pobreza. Porém, muitos estudiosos, entidades e movimentos sociais têm analisado que esta solução proposta nada mais é do que o sistema capitalista neoliberal, em crise no mundo, querendo se pintar de verde para continuar o processo depredatório e, agora, com a proposta de potencializar a mercantilização dos bens comuns e naturais da terra”. Para ele, há um desejo de ”precificar e erradicar a pobreza sob a ótica e regulação do mercado neoliberal, isso não existe!”.
Levando tudo isso em conta, durante a articulação da Campanha em Porto Alegre chegou-se à conclusão de que seria melhor colocar o termo economia verde entre aspas no nome da Campanha para, assim, demonstrar que essa é uma economia diferente da pensada e idealizada originalmente (para mais reflexões sobre o termo, leia o texto A solução é a “economia verde”?).
Próximos passos da Campanha
“A Campanha tem de concreto apenas um logo para ajudar no visual e um site para ser suporte de publicações de textos e ações. Tudo está no começo e com intenção de se construir esta Campanha junto com os movimentos e organizações da sociedade civil. Estamos ainda no nível da mobilização, levantamento de ideias, proposta, experiência.” disse Fabiano, acrescentando que “nosso próximo passo é fazer uma reunião nacional, que estamos intitulando de ‘convocatória nacional’, para pensarmos em algumas ações em conjunto que garantam visibilidade às reais propostas da economia verde”.
Há também a intenção de começar a falar sobre a Campanha de uma forma simples, a fim de que todos compreendam porque dizer não a esta economia, já que é importante chegar à Cúpula dos Povos já com alguns esclarecimentos e posicionamento sobre esta economia.
O Seminário Internacional da Abong, que acontece nos dias 9 e 10 de maio no Rio de Janeiro e tem como título “Outra economia, outro desenvolvimento, outra cooperação: a sociedade civil rumo à Rio + 20/Cúpula dos Povos”, será uma oportunidade de debater a “economia verde” e terá a presença dos articuladores desta Campanha, que realizarão lá uma convocatória nacional. Além disso, será instalado uma espécie de stand da Campanha, com um grande banner, televisão com vídeos e distribuição de panfletos, para que os participantes conheçam sua proposta se envolvam com sua construção.
Para saber mais sobre a Campanha NÃO à “Economia Verde”, o Seminário Internacional Abong e a Cúpula dos Povos, acesse os links:
Campanha NÃO à Economia Verde
Seminário Internacional Abong
Cúpula dos Povos
ServiçoSeminário Internacional “Outra economia, outro desenvolvimento, outra cooperação: a sociedade civil rumo à Rio + 20/Cúpula dos Povos”Quando: 9 e 10 de Maio de 2012Onde: Hotel Rondônia Palace (Rua Buarque de Macedo, 60 – Flamengo, Rio de Janeiro)
Inscrições aqui
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