Aplicação dos Indicadores em Suzano revelam gargalos e avanços da rede municipal


Em Suzano (SP), 77% da comunidade escolar acredita que o incentivo ao trabalho coletivo é uma prática consolidada, mas 49% considera a equipe escolar insuficiente. A Secretaria de Educação do município acaba de publicar estes e outros índices, parte do resultado da avaliação institucional dos Indicadores da Qualidade na Educação (INAF) junto à comunidade escolar local.

Os Indicadores foram elaborados por várias organizações sob coordenação da Ação Educativa, para ajudar a comunidade escolar na melhoria da qualidade da escola, e hoje são aplicados em dezenas de municípios em todo país. A intenção é de que os resultados, colhidos em plenárias participativas, subsidiem a definição do projeto político pedagógico, a atuação do conselho de escola e as demais ações projetadas para o futuro em cada localidade.

A metodologia divide as questões por dimensões, sete no total, e os resultados são classificados como “verde” (práticas, atitudes ou situações consolidadas), “amarelo” (não consolidadas) ou “vermelho” (inexistentes ou quase inexistentes).

Em Suzano, na primeira dimensão, “Ambiente Educativo”, destaca-se a avaliação dos valores de “amizade e solidariedade”, consolidados para 79%. Mas apenas 51% dos participantes das plenárias acredita que o respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes seja uma prática consolidada.

O enfoque “Prática Pedagógica” revela que a proposta pedagógica não é conhecida pela comunidade: 50% a consideram uma prática não consolidada, motivando o pedido para que ela seja sistematizada em documento público e acessível. Faltam também avaliações do trabalho dos profissionais e compreensão do uso dos indicadores, definidos como práticas não consolidadas por mais de 30% da comunidade escolar na dimensão “Avaliação”.

Sob o prisma da “Gestão escolar democrática”, destacou-se o tratamento aos conflitos do dia-a-dia nas escolas, prática consolidada para 81% dos questionários. Já a participação em outros programas de incentivo à qualidade da educação foi definida como prática não consolidada ou inexistente por 60% da comunidade. O acesso a todos os programas de incentivo, sejam federais, estaduais ou municipais, foi defendido pelos participantes.

A falta de funcionários, especialmente para limpeza e segurança, e as visitas pouco regulares da equipe pedagógica da secretaria municipal foram dificuldades apontadas na dimensão “Formação e condições de trabalho dos profissionais da escola”. A equipe é pouco estável para 64% da comunidade e insuficiente para 49%.

No tocante ao “Ambiente físico escolar”, constatou-se a falta de filtros e bebedores de água e de rampas para portadores de necessidade especial. 41% consideram a qualidade do ambiente não consolidada, e a diversificação da merenda, incluindo dietas mais nutritivas com frutas, verduras e sucos naturais, foi considerada prioritária.

Apesar de trabalhar para que os alunos concluam os níveis de ensino na idade adequada ser um dos principais desafios atuais da escola, o abandono e a evasão foram apontadas como práticas consolidadas por 53% dos questionários na dimensão “Acesso, permanência e sucesso na escola”. Destacou-se também a falta de vagas para atender à demanda de educação infantil.

A constituição e participação dos alunos de EJA nos Conselhos Escolares, as oportunidades de formação para os professores em 2005 e o espaço para sugerir temas e sugestões foram pontos positivos gerais apontados pelos participantes das plenárias.

“Se quisermos avançar para uma Escola Pública de Qualidade devemos começar mudando algumas atitudes no nosso dia-a-dia, e a participação nas discussões e responsabilidades da gestão escolar é um excelente começo”, afirma Rubens Barbosa de Camargo, secretário de Educação de Suzano. A participação popular, segundo Rubens, foi definida com um dos cinco eixos fundamentais da administração municipal

Ele ressalta que a sistematização dos dados contribuirá para a melhoria do enfoque pedagógico das escolas e construção da cidadania ativa, proposta pelos Indicadores. “Sempre em consonância com a dinâmica do processo educativo que prima pelo diálogo permanente com a realidade dos atores envolvidos”, conclui.



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