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Avenida Rio Branco

Avenida Rio Branco - Campos Elíseos

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A ocupação da população afro brasileira e de povos do continente africano no centro de São Paulo remete a uma disputa histórica na construção da paisagem da cidade. Durante o início do século era comum ver famílias inteiras negras moradoras do centro, situação esta alterada por políticas de Estado embranquecedoras que promoveram a territorialidade de imigrantes não africanos na região central por muitos anos, enquanto a população negra e pobre foi sendo deslocada para as periferias e região metropolitana da cidade.

Movimentos de moradia tem reivindicado o centro da cidade como um espaço não apenas de circulação e trânsito e trabalhadoras/res pobres e negras/os, mas também como um espaço de moradia e resistência. Em 1º de maio de 2018 houve o desabamento em decorrência de um incêndio de uma ocupação popular do Movimento Luta por Moradia Digna, o edifício “Wilton Paes de Almeida”. Esta tragédia na vida de 146 famílias é um elemento que evidencia a dureza da luta de movimento social em garantir o direito à moradia e à cidade à população pobre e negra.

Se desde 2010 é observado o aumento de haitianos e povos africanos no Brasil, foi em 2017, com  a nova Lei de Migração que esta disputa se tornou evidente. Novamente o Estado tenta barrar a vinda e a permanência da população negra imigrante e refugiada, uma vez que a lei contém elementos que podem restringir ou dificultar a imigração daqueles e daquelas em situação de maior vulnerabilidade.

Por exemplo, o texto distorce o objetivo da lei e diz que para se beneficiar do visto para procurar trabalho, o migrante precisa apresentar um contrato de trabalho. Cabe aqui o questionamento sobre quem teria condições de migrar com um contrato de trabalho em mãos. Outro elemento é o caráter arbitrário dado ao Estado para recusar visto e autorização de pessoas que, segundo eles, são consideradas indesejadas.

Como estratégia de resistência às ameaças de Estado, e ao preconceito da própria população, muitos imigrantes se agruparam no território do centro da cidade, despertando novos espaços multiculturais voltados à todos e todas. Como exemplo, é possível encontrar restaurantes acolhedores e saborosos de camaroneses, nigerianos, senegaleses, congoleses e de Angola.