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Escola de Samba Vai-Vai

Rua São Vicente, 200 - Bela Vista

Como chegar

Áreas de atuação

No início do século XX, próximo ao cruzamento das ruas Rocha e Una no Bixiga, de longe se viam as camisetas em preto e branco do time de futebol e se ouviam os batuques do bloco carnavalesco Cai-Cai no Bixiga do início do século XX.

Um pouco mais tarde, em 1928, Livinho, Benedito Sardinha e seus amigos começaram a puxar, ao seu estilo, os jogos e festas realizados pelo bloco. As arruaças e excessos dos festejos os apelidou como “a turma do Vae-Vae” e os levou à expulsão do Cai-Cai. Criaram então o “Bloco dos Esfarrapados”, e paralelamente, o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, oficializado em 1930 com as cores preto e branco invertidas, como afronta ao Cai-Cai.

 

MEMÓRIA E ANCESTRALIDADE:

 

DONA OLÍMPIA

 

Seu caminhar de luta e resistência se cruza com a história da Vai Vai. Coordenou por mais de 20 anos a corte do Cordão Vai Vai, e sua existência é uma das raízes que estruturam a Escola.

Tradicionalmente, até 2015 ano, de sua morte, o Bloco dos Esfarrapados parava no carnaval em frente à sua casa na Rua Major Diogo, de onde todas/os a saldavam e ela retribuía à homenagem de pé do portão de sua casa.

 

GERALDO FILME

 

Do tempo que o negro pra sustentar o samba na rua tinha que fazer e acontecer. Geraldão da Barra Funda, filho de Dona Augusta, amava o samba e por ele vivia entre trampos e barrancos, como a juventude negra dos anos 1940.

Seu Geraldo, como o chamavam no avançar da idade e da experiência, foi fundador junto com suas/seus companheiras/os do Sindicato das Empregadas Domésticas.

Um cronista, seus sambas contaram muitas histórias sobre a ancestralidade rural do samba (Batuque de Pirapora, História da Capoeira, A Morte do Chico Preto), e também as transformações urbanas (São Paulo Menino Grande, Vou Sambar N’outro Lugar).

Pesquisador nato, registrou a história da população negra de São Paulo e seus ícones em letras, melodias e batuques.

Compôs em samba a história do arquiteto negro Tebas escravizado até os 58 anos de idade, que executou emblemáticas obras do Brasil colonial e se consolidou como um dos maiores arquitetos brasileiros do século 18. Os dados da vida do arquiteto estavam nos arquivos da Curia Paulistana, e para que Geraldo pudesse acessá-los teve que fingir ser estudante de direito, pois a igreja não iria liberar os arquivos para um sambista negro.

Sua simpatia pelo Vai Vai o consagrou com uma das composições e interpretações mais lindas e conhecidas do Bixiga:

 

Tradição (Vai No Bexiga Pra Ver)
Geraldo Filme

 

Quem nunca viu o samba amanhecer
Vai no Bexiga pra ver
Vai no Bexiga pra ver

O samba não levanta mais poeira
Asfalto hoje cobriu o nosso chão
Lembrança eu tenho da Saracura
Saudade tenho do nosso cordão

Bexiga hoje é só arranha-céu
E não se vê mais a luz da Lua
Mas o Vai-Vai está firme no pedaço
É tradição e o samba continua.

 

Discografia:

 

  • 1973 – História das Quebradas do Mundaréu ( com Plínio Marcos, Toniquinho Batuqueiro e Zeca da Casa Verde )
  • 1980 – Geraldo Filme
  • 1982 – O Canto dos Escravos (com Clementina de Jesus e Doca)
  • 1982 – Memória Eldorado

 

SAHRA BRANDÃO

 

História viva. Nascida em Araraquara, criada no Bixiga dentro da tradição da Vai Vai, Sahra deu seus primeiros passos com outros meninos e meninas negras no Cordão do Amanhã, com a tia Cleuzi, em 1966.

Escola é lugar de aprendizado, e foi na Vai Vai onde aprendeu a importância de honrar os passos de quem veio antes. Passou por todas as alas da escola, foi inclusive merendeira (aquela/e que empurra as alegorias na avenida), e em 1986 entrou para a Ala dos/das Compositores/as depois de outras mulheres como sua irmã Eliana Estavão, Vania Zito e Elizeth Rosa.

Hoje é uma das integrantes e fundadoras da Velha Guarda Musical do Vai Vai, e faz parte do Projeto Samba de Canto a Canto, uma roda de samba autoral.

Com um olhar crítico à industrialização das escolas de samba, ela acredita que a escola não pode estar a serviço do capitalismo e do mercado do carnaval, é preciso resgatar o samba com união como um patrimônio da comunidade.

Seguem algumas composições dessa sambista incrível:

 

  1. “Minha Guia”;
  2. “Basta”:

 

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