O cantor e compositor Criolo e o DJ Dan Dan, seu parceiro musical, visitaram a Ação Educativa para conversar com os jovens monitores culturais do Centro Cultural da Juventude (CCJ), em mais uma das tradicionais formações que ocorrem às segundas-feiras.
Compartilhando histórias de vida e seus percursos na periferia, os artistas abordaram temas como a realidade da juventude periférica, as dificuldades que viveram e o trabalho com produção de shows e discos.
Dan Dan ressaltou o papel do Rap e do Hip Hop e como os bailes e ambientes que frequentavam foram importantes para ajudá-los na sua formação. “Durante muitos anos o Hip Hop batalhou contra o preconceito. E nós, na verdade, metemos o pé na porta e dissemos: ‘estamos aqui, existimos”.
Ele acredita que o Hip Hop se adapta, é mutante, cresce a cada dia e se multiplica. “O Hip Hop é a única linguagem que consegue fazer teatro, entrar em questões de saúde, de lazer, de esportes, de cultura. Tem Hip Hop em tudo”.
No entanto, ainda há muitas conquistas a serem feitas a partir da música. “No Hip Hop, eu aprendi que tudo que você aprende nele e fora dele, você leva pra sua comunidade, de alguma forma”, afirmou Dan Dan, que acredita que a socialização do conhecimento é importante e que seu papel, como DJ, também é educar musicalmente.
Trajetórias
O ano de 2006 foi importante para os dois músicos. Não satisfeitos musicalmente com a situação dos bailes da época, criaram a Rinha dos MCs, uma festa cujo intuito é reunir pessoas, colocar os jovens para rimar, mostrar seus trabalhos, através de batalhas de freestyle, shows, exposições de graffitti e fotografias.
“A ideia da Rinha dos MCs era o cara sacar que, no bairro dele, tinha um fotógrafo, um escritor, uma bailarina ou bailarino, um artista plástico, um violeiro. Todo mundo era bem-vindo”, contou Criolo. O lugar era um espaço de encontro. “A partir daí eu sabia que ia acontecer alguma mágica e isso não estava nas nossas mãos”.
Hoje a Rinha vai além da festa. Sem um local fixo, o circuito circula nas comunidades “na intenção de fomentar o encontro da juventude, em especial da galera que faz um Rap, se encontrar no bairro”, disse Dan Dan.
“Quando a Rinha dos MCs surgiu foi vitrine de muitas pessoas. E ela foi algo muito natural. Não imaginávamos que poderia ser dessa forma”, afirmou Dan Dan. Em 2014, a Rinha fez oito anos em abril e, para os músicos, ela expressa a força da arte. “A gente teve o prazer de ver tantos jovens artistas. Ver aflorar a arte na sua frente”, disse Criolo.
Criolo iniciou seu trabalho como artista em 1989, mas só ganhou fama expressiva a partir de seu primeiro álbum em estúdio, em 2006. Lançou o álbum autoral “Nó na Orelha”, em maio de 2011 que, desde o lançamento, ganhou mais de 12 prêmios. Em outubro de 2013, Criolo lançou “Duas de Cinco”, single com duas faixas inéditas.
Para Dan Dan, Criolo consegue, através de sua música, fazer a ligação das ruas com nuances mais literárias, conversando com esses dois lados. “Você tem uma forma de cantar, de escrever, únicas. Não existe ninguém parecido com você”, disse.
Criolo enfatizou a força que os jovens geram para o país. “Nosso sonho era ser feliz. E a música proporcionou isso para gente”, finalizou.
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