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Editorial: Wesley Nóog: Soul assim

O título do novo CD de Wesley Nóog faz um trocadilho com a sonoridade da palavra inglesa “Soul “, que na tradução literal significa alma, mas que aqui está se referindo ao gênero musical da black music que vem da linhagem do Funk. Mas o sentido literal da palavra é representativo do que Wesley quis transmitir com as canções de seu novo trabalho. Uma característica fundamental deste artista é sua entrega de corpo e alma. Isso pode ser sentido na audição do CD, mas é no palco que a doação para o público pode ser percebida plenamente. Então vamos apresentar este poeta, compositor e cantor para que você possa recebê-lo de alma aberta no dia 8.
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Poeta, músico, cantor, compositor e ativista cultural, Wesley Nóog respira musica desde quando criança. A família era religiosa, de uma base evangélica de tradição Metodista. Seus bisavós eram descendentes de judeus e se converteram cristãos novos. Seus pais e tios são coristas e maestros. Foi neste ambiente cultural que cresceu Nóog. Ele sempre desejou cantar e compor canções, mas, por conta da família pobre, seus pais queriam que ele estudasse, então, aos 16 anos, foi para o Seminário, onde ficou por 12 anos e foi lá que mergulhou na música.
Nóog sempre optou por ser um artista independente e de veia social. Estudou numa escola estruturada numa fazenda ocupada, foi educado e conviveu com professores que tinham como herança a Teologia da Libertação das comunidades eclesiais de base. Viveu toda a atmosfera dos anos 70, onde os discos de grandes músicos surgiram gravados neste contexto.
Com toda esta base narrativa e histórica, em 1998 começou sua carreira e desde então gravou quatro discos, todos de forma independente, dentro da perspectiva da economia solidária que visa fomentar o desenvolvimento de todo o trabalho para escoar no mercado a produção e que ela seja de fato autossustentável.
Nóog sempre esteve engajado nas lutas populares e analisa a cultura de periferia e popular como um fenômeno. Nas suas palavras: “A cultura periférica tem muito essa coisa da liberdade, de criar algo do nada, não sabe de onde cria. Elas vão se criando naturalmente a partir do que a gente sente, do que a gente vive e do que a gente ver. Não é uma questão laboratorial, nós não estamos na faculdade usando as ferramentas como a dedução, dialética e indução, para poder criar as coisas. A nossa cultura é como vinho; quanto mais tempo vamos praticando, melhor ficamos. A cultura periférica é nós por nós mesmos.”
Soul Assim é uma espécie de autobiografia coletiva, ou seja, as musicas-poemas estão inseridas parte da história da periferia e seus atores:  Sarau da Cooperifa, Sarau do Binho, Sarau da Vila Fundão. De todo este movimento que vem acontecendo nos últimos tempos. Diz a respeito às vivências. As metáforas, as figuras de linguagens que estão nas composições, falam muito sobre isso. Então vá conferir o show e conheça mais deste grande artista que ainda terá a projeção que merece. Seja assim Wesley Nóog.
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