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Analfabetismo funcional não apresenta melhora e alcança 29% dos brasileiros, mesmo patamar de 2018, aponta novo levantamento do Inaf

  • Coordenado pela organização da sociedade civil Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, a nova edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) é uma co-realização da Fundação Itaú, em parceria com a ⁠Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, UNESCO e UNICEF. 
  • A pesquisa, que ouviu 2.554 brasileiros, avalia as competências de leitura, escrita e matemática em situações cotidianas da população entre 15 e 64 anos.
  • Analfabetismo funcional entre brasileiros de 15 a 64 anos se mantém igual a 2018, em 29%.
  • Alfabetizados em nível elementar são o maior grupo e somam 36% da população brasileira.
  • 27% dos trabalhadores do país são analfabetos funcionais, 34% atingem o nível elementar de alfabetismo e 40% têm níveis consolidados de alfabetismo.
  • Entre jovens, analfabetismo funcional oscilou negativamente. Em 2018, 14% dos jovens de 15 a 29 anos estavam na condição de analfabetos funcionais, e o percentual aumentou para 16% em 2024.
  • Nova edição do Inaf traz recorte inédito sobre o alfabetismo no contexto digital para compreender como as transformações tecnológicas interferem no seu cotidiano (veja texto à parte).
  • 18% dos alfabetizados em nível elementar têm alto desempenho no contexto digital. Para proporção equivalente (15%), no mesmo nível de alfabetismo, o desempenho é baixo.  

O analfabetismo funcional não avançou no Brasil nos últimos seis anos. É o que revela a  nova edição do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional). O levantamento aponta que 29% dos brasileiros de 15 a 64 anos seguem nessa condição, mesmo patamar verificado em 2018, ano em que a série histórica da pesquisa, publicada desde 2001, foi interrompida devido à pandemia de Covid-19. 

Com relação aos jovens, o analfabetismo funcional teve um ligeiro incremento. Em 2018, 14% dos jovens de 15 a 29 anos estavam nessa condição e o percentual aumentou para 16% em 2024.

Os níveis de alfabetismo são definidos a partir do desempenho em um teste que aborda situações presentes no cotidiano dos respondentes, considerando tanto habilidades relacionadas a textos – chamadas de letramento – quanto aquelas relacionadas aos números, designadas como numeramento. As aplicações inéditas no Inaf 2024, ao convidar os respondentes a resolver algumas questões aplicadas em um aparelho de telefone celular, permitem avançar no entendimento de em que medida o maior ou menor nível de alfabetismo incide sobre como as pessoas lidam com textos e informações numéricas no mundo digital. Traz também algumas pistas sobre como as “infinitas” oportunidades de consumir e produzir informação no ambiente digital podem ampliar ou limitar as possibilidades de inserção plena dos indivíduos numa sociedade crescentemente rica em tecnologia (veja texto à parte).

Esta edição do Inaf entrevistou 2.554 indivíduos de 15 a 64 anos, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país, para mapear as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros. A margem de erro estimada varia entre dois e três pontos percentuais, a depender da faixa etária analisada considerando um intervalo de confiança estimado de 95%. 

Coordenado pela organização social Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, a edição 2024 do Inaf é uma co-realização da Fundação Itaú, em parceria com a ⁠Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, UNESCO e UNICEF.

RESULTADOS

O indicador traz evidências de que, mesmo após intervalo de seis anos, não houve mudanças significativas no cenário do alfabetismo no Brasil. E traz um alerta: possivelmente em função dos dois anos de descontinuidades nas trajetórias educacionais e de outras oportunidades de desenvolvimento por conta da pandemia de Covid-19, alguns indicadores de alfabetismo oscilaram negativamente.


Níveis de Alfabetismo no Brasil segundo o Inaf (2001-2024) (em percentual)

Nível20012002200220032003200420042005200720092011201520182024
Analfabeto12131211976487
Rudimentar27262626252021232222
Elementar28293031323537423436
Intermediário20212121212725232525
Proficiente1212121213111181210
Total100100100100100100100100100100
Analfabeto Funcional*39393737342727272929
Funcionalmente Alfabetizado*61616363667373737171

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado analfabeto funcional. 

O critério de arredondamento das frações dos resultados permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2001-2024

Após a redução contínua na proporção de analfabetos funcionais até 2009, essa proporção deixou de cair. O percentual continua praticamente inalterado desde então e representa quase uma a cada três pessoas na faixa de idade considerada no estudo. 

“Durante as duas décadas de existência do Inaf, dados do IBGE evidenciaram uma transformação no panorama educacional brasileiro, refletindo os avanços obtidos com a expansão da educação pública no período, que se aproximou da universalização do acesso no ensino fundamental. Também demonstram uma grande expansão do acesso e conclusão do ensino médio, assim como um aumento significativo do acesso ao ensino superior”, avalia Ana Lima, coordenadora do estudo. 

“Esse intenso crescimento refletiu-se na importante redução dos analfabetos funcionais. O importante agora é assegurar avanços no desenvolvimento contínuo das habilidades de letramento e numeramento dos brasileiros, tanto para aqueles que ainda estão na escola quanto para os que já estão fora dela”, completa ela.

“Os indicadores apontam que estamos diante de um momento gravíssimo. Potencializado em meio à transformação digital acelerada pela inteligência artificial e aos profundos desafios das mudanças climáticas, os países se diferenciarão, sobretudo, pela capacidade de formar sua juventude, desenvolver talentos e retê-los para atuar nessas duas novas fronteiras. É alarmante saber que apenas 10% da população brasileira é considerada proficiente em leitura, escrita e matemática. Como enfrentar a desigualdade e ampliar a produtividade com uma população nessas condições?”, questiona Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.

“Além de todo o esforço pela melhoria da educação, acredito que o Brasil precisa firmar um pacto pela matemática – um compromisso nacional, envolvendo governos, universidades, empresas e a sociedade civil. Só com mobilização e ação coordenada seremos capazes de transformar esse grave problema em uma grande oportunidade: ampliar a cidadania e promover a inclusão produtiva dos jovens brasileiros”, conclui.

RECORTES SOCIODEMOGRÁFICOS 

Escolaridade


“A escolaridade se mostra no estudo como maior indutor do nível de alfabetismo, mas essa relação aparece de maneira menos evidente na edição 2024 do Inaf quando comparada aos dados obtidos em 2018”, diz Roberto Catelli, coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa. “Observamos uma proporção ainda mais significativa de pessoas que, mesmo tendo chegado ao ensino médio, ainda não podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, com habilidades de letramento e numeramento que se espera que sejam consolidadas no ensino fundamental”, indica ele.

De acordo com o Inaf 2024, 17% daqueles que chegaram ou concluíram o ensino médio podem ser caracterizados como analfabetos funcionais e apenas um quarto (24%) dos que atingem o nível superior podem ser considerados proficientes, o nível mais alto da escala.

Distribuição da população por níveis de alfabetismo e escolaridade

 (% por grau de escolaridade)

 TOTALESCOLARIDADE
NÃO ESTUDOUENS. FUND. I – 1º AO 5º ANOENS. FUND. II – 6º AO 9º ANOENS. MÉDIOENS. SUPERIOR OU MAIS
BASE PONDERADA2480672754641091583
Analfabetos funcionais29%98%78%43%17%12%
Alfabetismo elementar36%0%19%40%45%27%
Alfabetismo consolidado35%2%4%17%38%61%

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado Analfabetos funcionais. Alfabetizados em nível Intermediário e Proficiente compõem o Alfabetismo consolidado. 

O critério de arredondamento permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2024

Passou de 45% para 38% a proporção dos entrevistados que chegaram ao ensino médio situados nos dois níveis mais altos das escalas de alfabetismo, mostrando que o fato de terem frequentado a escola não assegura que tenham habilidades suficientes para fazer uso da leitura e da escrita em diferentes contextos da vida cotidiana. Quanto aos que ingressaram ou concluíram o ensino superior, 88% são considerados funcionalmente alfabetizados, mas apenas 6 em cada 10 (61%) alcançaram os níveis intermediário e proficiente. Essa proporção é menor do que a observada em 2018, de 71%.

Para as demais características sociodemográficas e territoriais, as variações foram menos significativas.

Homens e mulheres

A edição 2024 do Inaf confirma a tendência já verificada nos anos anteriores, que situa as mulheres, em média, em patamares ligeiramente superiores aos homens, refletindo seus melhores indicadores educacionais: 73% das mulheres podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, enquanto essa proporção é de 69% entre os homens. 

Distribuição da população pesquisada por grupos de alfabetismo 

 (% para homens e mulheres)

TOTALHOMENSMULHERES
BASE PONDERADA248012161264
Analfabetos funcionais29%32%27%
Alfabetismo elementar36%34%38%
Alfabetismo consolidado35%35%35%

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado Analfabetos funcionais. Alfabetizados em nível Intermediário e Proficiente compõem o Alfabetismo consolidado 

O critério de arredondamento permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2024

Idade

Quando a análise é feita por faixa etária, o Inaf 2024 aponta diferenças significativas na proporção de analfabetos funcionais entre mais jovens e mais velhos: enquanto 16% da população entre 15 e 29 anos situam-se na condição de analfabetos funcionais, esse valor chega a 51% junto àqueles entre 50 e 64 anos. Os valores oscilam negativamente se comparados a 2018, quando a proporção de analfabetos funcionais entre os jovens de 15 a 29 anos foi de 14%.

Vale observar que o maior percentual de pessoas funcionalmente alfabetizadas se encontra nas faixas de 15 a 29 anos (84%) e 30 a 39 anos (78%), evidenciando o efeito positivo das políticas de inclusão e valorização da escola para crianças e jovens realizadas nas últimas duas décadas. Muitos dos brasileiros hoje na faixa de 15 a 39 anos são os que se beneficiaram das políticas de inclusão massiva da população na escola. 

Distribuição da população pesquisada por grupos de alfabetismo (% por faixa etária)

TOTAL15 a 2930 a 3940 a 4950 a 64
BASE PONDERADA2480810568518584
Analfabetos funcionais29%16%22%34%51%
Alfabetismo elementar36%39%40%35%28%
Alfabetismo consolidado35%45%38%31%21%

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado Analfabetos funcionais. Alfabetizados em nível Intermediário e Proficiente compõem o Alfabetismo consolidado. 

O critério de arredondamento permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2024

Em todas as faixas etárias, é significativa a proporção de pessoas no nível elementar: quase quatro em cada 10 (38%) dos brasileiros entre 15 e 49 anos, embora funcionalmente alfabetizados, têm significativas limitações para relacionar-se com as demandas cotidianas de uma sociedade letrada.

Cor/Raça

Distribuição da população por grupos de alfabetismo (% por cor/raça)

TOTALBRANCOSPRETOS E PARDOSAMARELOS E INDÍGENAS
BASE PONDERADA24801023140545
Analfabetos funcionais29%28%30%47%
Alfabetismo elementar36%31%39%33%
Alfabetismo consolidado35%41%31%19%

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado Analfabetos funcionais. Alfabetizados em nível Intermediário e Proficiente compõem o Alfabetismo consolidado. 

O critério de arredondamento permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2024

A pesquisa mostra que se mantém uma desigualdade significativa nos níveis de alfabetismo das pessoas que se autodeclaram pretas e pardas quando comparadas àquelas que se identificam como brancas.  

Os dados de 2024 apontam que, entre brasileiros e brasileiras que se autodeclaram pretos e pardos, a proporção daqueles posicionados nos dois níveis mais altos da escala ficou em 31%, enquanto entre os que se autodeclaram brancos a proporção é de 41%. Na edição anterior, essa proporção era, respectivamente, de 33% e 45%.


Situação no trabalho

Cresce de 56% para 65% a proporção dos indivíduos que estavam trabalhando no momento da entrevista, quando comparados com 2018, e cai de 22% para 15% a proporção dos desempregados ou que procuram o primeiro emprego, o mesmo patamar de 2015.

População por situação de trabalho e nível de alfabetismo (% por nível de alfabetismo)

* vive de renda, recebe pensão, inválido etc.

* Indivíduos classificados nos níveis analfabeto e rudimentar compõem o grupo denominado Analfabetos funcionais. Alfabetizados em nível Intermediário e Proficiente compõem o Alfabetismo consolidado.

O critério de arredondamento permite percentuais totais diferentes da soma dos números arredondados.

Fonte: Inaf 2024

Mantém-se a relação direta entre níveis de alfabetismo e situação no trabalho: enquanto 60% dos que foram classificados como analfabetos funcionais estavam trabalhando, essa proporção aumenta à medida que crescem os níveis de alfabetismo: 62% daqueles no nível elementar estavam trabalhando e, no caso dos que têm um nível consolidado de alfabetismo, 74%. 

Os resultados do Inaf 2024 alertam sobre o impacto dos baixos níveis de alfabetismo da força de trabalho no Brasil: 27% dos trabalhadores são analfabetos funcionais, 34% atingem apenas o nível elementar de alfabetismo e uma proporção equivalente a 40% têm níveis consolidados de alfabetismo.

RECORTES POR PERFIL

Analfabetos funcionais 

São considerados analfabetos funcionais aqueles que conseguem realizar tarefas bastante simples que envolvem a leitura de palavras, pequenas frases e números familiares como o do telefone, da casa, de preços etc.  Ao se deparar com textos um pouco mais longos e complexos, números maiores ou que exijam alguma operação para sua compreensão, verifica-se que este indivíduo já não consegue realizar uma tarefa com base na leitura e na escrita.

Conforme os resultados obtidos na avaliação de 2024 do Inaf, é possível afirmar sobre os analfabetos funcionais:

• Representam 29% da população jovem e adulta brasileira, entre 15 e 64 anos.

• 53% são homens e 47% são mulheres.

• Quase dois em cada três (65%) têm entre 40 e 64 anos, mas há uma proporção ainda muito significativa entre os jovens de 15 e 29 anos e entre os que estão entre 30 e 39 anos, ambos com 17%.

• 38% têm as séries iniciais do ensino fundamental como escolaridade mais elevada; 27% chegaram a concluir o ensino fundamental; 25% chegaram ao ensino médio e 9% ao ensino superior.

• 58% dos analfabetos funcionais são pretos ou pardos, 39% brancos e 3% indígenas ou amarelos. Em 2018, essas proporções eram, respectivamente, de 67%, 24% e 4%.

• Três em cada quatro (76%) têm renda familiar de até 2 salários-mínimos.

• 60% estão ocupados.

• 37% vivem na região Nordeste, onde a proporção de analfabetos funcionais sobre o total da população jovem e adulta chega a 42%. Apesar da proporção mais baixa (23%) em relação à população total da região, o Sudeste, por ser a região mais populosa, concentra 33% dos analfabetos funcionais. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, a porcentagem é de 12% e, na região Sul, 18%.

• 25% dos analfabetos funcionais vivem em pequenos municípios, de até 20.000 habitantes.

• 73% acessaram a internet nos últimos 3 meses.

• Quanto às habilidades digitais, 60% dos analfabetos funcionais ficaram no nível mais baixo de desempenho, demonstrando muita dificuldade para realizar tarefas da vida social que requeiram o uso de ferramentas digitais.

“Os dados do INAF 2024 evidenciam, mais uma vez, a profundidade das desigualdades educacionais no Brasil. É preocupante que ainda tenhamos 16% dos jovens entre 15 e 29 anos em situação de analfabetismo funcional, realidade ainda mais desafiadora entre adultos e a população preta e parda”, diz Rosalina Soares, Superintendente de Conhecimento da Fundação Roberto Marinho. “É urgente fortalecer políticas de inclusão educacional que desenvolvam a capacidade de ler e interpretar o mundo de forma crítica”, completa.

Alfabetizados em nível elementar

É considerado alfabetizado em nível elementar o indivíduo capaz de selecionar, em textos de extensão média, uma ou mais unidades de informação, observando certas condições e realizando pequenas inferências. Resolve problemas envolvendo operações básicas com números da ordem do milhar, que exigem certo grau de planejamento e controle. Tem condição de comparar e relacionar informações numéricas ou textuais expressas em gráficos ou tabelas simples envolvendo situações do cotidiano doméstico ou social. 

Conforme os resultados obtidos na avaliação de 2024 do Inaf, sobre o nível elementar de alfabetização:

• São a maior parcela da população jovem e adulta brasileira, correspondendo a 36% do total de brasileiros entre 15 e 64 anos.

• 54% são mulheres e 46% são homens. 

• Representam mais de um a cada três jovens entre os 15 e os 29 anos (36%), 25% daqueles que têm entre 30 e 39 anos, e 39% dos que têm 40 anos ou mais.

• Mais da metade (56%) tem ensino médio (completo ou incompleto) e 18% chegaram, concluíram ou foram além do ensino superior. 

• Considerando a raça, 62% são pretos ou pardos e 36% são brancos. 

• 64% têm renda familiar de até 2 salários-mínimos.

• 65% trabalham.

• 95% acessaram a internet nos últimos 3 meses.

No que se refere às atividades propostas no teste digital, dois em cada três (67%) alfabetizados em nível elementar têm um desempenho mediano na avaliação, acertando entre 1/3 e 3/3 das atividades propostas: 13% conseguiram cumprir todas as etapas para a compra de um tênis em uma loja virtual; 4% conseguiram concluir o processo de escolha de um filme mediante os critérios estabelecidos e explicar as razões de sua escolha e 17% realizaram com êxito todas as etapas para efetuar a inscrição em um festival de música por meio de formulário on-line.  

“Preocupa ver que aumentou a parcela de adolescentes e jovens de 15 a 29 anos que não superam o nível elementar de alfabetismo, mesmo quando completam a educação básica. Há, no Brasil, uma naturalização do fracasso escolar, fazendo com que parte da sociedade aceite que um perfil específico de estudante – em sua maioria negros e indígenas, com deficiência, vindos de famílias de renda mais baixa – passe pela escola sem aprender. É urgente investir em estratégias voltadas à recuperação das aprendizagem, ao letramento digital, viabilizando que esses adolescentes e jovens desenvolvam competências e habilidades para se situar no mundo, fazer suas escolhas, aprender, ser feliz e ter uma transição positiva para o mundo do trabalho”, defende Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

Alfabetizados em nível consolidado

O nível consolidado representa a junção dos níveis superiores da escala Inaf: intermediário e proficiente. O indivíduo alfabetizado no nível intermediário é capaz de localizar informações explícitas e realizar inferências em diversos tipos de texto, resolver problemas envolvendo porcentagem e proporção, interpretar e sintetizar textos variados, reconhecer argumentos e figuras de linguagem. Já o indivíduo proficiente vai além: elabora textos mais complexos com base em contextos dados, interpreta gráficos e tabelas avançadas e reconhece efeitos de sentido (ênfases, distorções, tendências, projeções), além de solucionar problemas em diferentes contextos e com diversas etapas, demonstrando domínio mais amplo e crítico da linguagem e da matemática.

• Representam 35% da população jovem e adulta brasileira, dos 15 aos 64 anos. 

• A proporção de homens (49%) e mulheres (51%) nesse grupo reflete a média da população brasileira nessa faixa etária. 

• Nesse grupo, há uma clara vantagem para os mais jovens. 42% deste grupo têm até 29 anos, uma proporção 10 pontos percentuais maior do que o peso dessa faixa etária na população como um todo.  

• É também esse o grupo em que fica mais evidente a relação da escolaridade com o alfabetismo: 48% têm ensino médio e 42% chegaram, concluíram ou foram além do ensino superior.

• A presença de pessoas brancas nesse grupo (49%) é maior do que esse grupo representa na população (41%).

• Este é também o grupo que tem a maior taxa de ocupação (74%) e a fatia com a maior faixa de renda, com 20% dos indivíduos ganhando mais do que 5 salários-mínimos e 35% entre 2 e 5 salários-mínimos, 

• Quase a metade (49%) dos alfabetizados em nível consolidado estão concentrados na região Sudeste, onde a proporção desse grupo sobre o total da população é de 40%. Já a região Nordeste, com 26% de sua população no nível consolidado de alfabetismo, representa 20% do total desse dos alfabetizados em nível consolidado.

• 98% acessaram a internet nos últimos 3 meses.

Quanto às habilidades avaliadas no teste digital, 45% acertaram pelo menos 2/3 das atividades propostas e apenas 5% acertam menos de 1/3 delas. 28% conseguiram cumprir todas as etapas para a compra de um tênis em uma loja virtual; 9% concluíram o processo de escolha de um filme mediante os critérios estabelecidos e explicar as razões de sua escolha e 33% realizaram com êxito todas as etapas para efetuar a inscrição em um festival de música por meio de formulário online. 

“Mesmo entre os grupos com maior nível de alfabetismo, a nova edição do Inaf mostra que ainda há dificuldades para interpretar, avaliar e produzir informações – tanto no ambiente analógico quanto no digital. Em alguns casos, faltam habilidades básicas de leitura e compreensão; em outros, são as interfaces, linguagens e símbolos do mundo digital que geram barreiras ao entendimento”, afirma Raquel Souza dos Santos, coordenadora de Pesquisa e Avaliação do Instituto Unibanco.

“Compreender essas dificuldades é essencial para desenhar políticas públicas, organizar o mundo do trabalho e serviços públicos que garantam acesso real e seguro à população”, completa.

“O cenário apresentado pelo Inaf 2024 nos chama à ação. Superar o analfabetismo funcional e garantir a qualidade da educação são ações fundamentais para assegurar que ninguém seja deixado para trás em uma sociedade cada vez mais digitalizada. Assim, a UNESCO seguirá trabalhando para fortalecer iniciativas que garantam o desenvolvimento das competências de leitura, escrita e numeramento, que são pilares para a transformação social e para a construção de um futuro mais inclusivo”, afirma a Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.

Sobre o Inaf

O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) mede os níveis de Alfabetismo da população brasileira de 15 a 64 anos por meio de um teste aplicado presencialmente envolvendo a leitura e interpretação de textos do cotidiano. Foi desenvolvido pela organização social Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro/IBOPE e implementado em parceria por estas duas organizações entre 2001 e 2015. Com o encerramento das atividades do IBOPE e do Instituto Paulo Montenegro, a parceria passa a ser entre a Ação Educativa e a Conhecimento Social.

Saiba mais: https://alfabetismofuncional.org.br/ 

Sobre a Ação Educativa

Fundada em 1994, a Ação Educativa é uma associação civil sem fins lucrativos que atua nos campos da educação, da cultura, da juventude, da tecnologia e do meio ambiente na perspectiva dos direitos humanos. Para tanto, realiza atividades de formação e apoio a grupos de educadoras/es, jovens e agentes culturais. Integra campanhas e outras ações coletivas que visam à garantia desses direitos. Desenvolve pesquisas e metodologias participativas com foco na construção de políticas públicas sintonizadas com as necessidades e interesses da população. É sua missão a defesa de direitos educativos, culturais e das juventudes, tendo em vista a promoção da democracia, da justiça social e da sustentabilidade socioambiental no Brasil.

Saiba mais: https://acaoeducativa.org.br/

Sobre a Conhecimento Social – Estratégia e Gestão

Fundada por Ana Lúcia Lima, que até 2015 atuou como diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, é uma consultoria especializada na produção de conhecimento no campo social. É a sucessora do Instituto Paulo Montenegro na coordenação do Inaf sendo uma de suas porta-vozes.

Saiba mais: https://conhecimento.social/ 

Sobre a Fundação Itaú

Com o intuito de inspirar e criar condições para promover o desenvolvimento de cada brasileiro como cidadão capaz de transformar a sociedade, a Fundação Itaú foi criada em 2019. A instituição dedica programas, ações e articulação com diferentes setores da sociedade para atender às urgências do Brasil contemporâneo. Estruturada em três pilares – Itaú Cultural, Itaú Educação e Trabalho e Itaú Social –, a Fundação garante a continuidade do trabalho desenvolvido ao longo de décadas nos campos da educação e da cultura, a expansão desse legado e uma governança ainda mais robusta – sem perder a legitimidade e a autonomia que sempre marcaram suas iniciativas.

Saiba mais: https://www.fundacaoitau.org.br/  

Sobre a Fundação Roberto Marinho

A Fundação Roberto Marinho inova, há mais de 40 anos, em soluções de educação para não deixar ninguém para trás.  Promove, em todas as suas iniciativas, uma cultura de educação de forma encantadora, inclusiva e, sobretudo, emancipatória, em permanente diálogo com a sociedade. Desenvolve projetos voltados para a escolaridade básica e para a solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem.  A Fundação realiza, de forma sistemática, pesquisas que revelam os cenários das juventudes brasileiras. A partir desses dados, políticas públicas podem ser criadas nos mais diversos setores, em especial, na educação. Incentivar a pesquisa científica e a inclusão produtiva de jovens no mundo do trabalho também estão entre as suas prioridades, assim como a valorização da diversidade, da equidade e da educação antirracista. Com o Canal Futura fomenta, em todo o país, uma agenda de comunicação e de mobilização social, com ações e produções audiovisuais que chegam ao chão da escola, a educadores, aos jovens e suas famílias, que se apropriam e utilizam seus conteúdos educacionais.  Mais informações no Portal da Fundação Roberto Marinho.

Saiba mais: https://www܂frm.org.br 

Sobre Instituto Unibanco

O Instituto Unibanco, criado em 1982,  atua para a melhoria da educação pública no Brasil por meio da gestão educacional para o avanço contínuo. O Instituto apoia e desenvolve soluções de gestão para aumentar a eficiência do ensino nas escolas públicas. Além de resultados sustentáveis de aprendizagem, trabalha pela equidade no ensino, tanto entre as escolas, como no interior de cada uma delas, com base em quatro valores fundamentais: Valorizar a diversidade, acelerar transformações, conectar ideia e ser orientado em evidências.

Saiba mais: https://www.institutounibanco.org.br/ 

Sobre a UNESCO

A UNESCO, criada em 1945, afirma em sua ata constitutiva que o propósito da Organização é contribuir para a paz e a segurança, promovendo cooperação entre as nações por meio da educação, da ciência e da cultura, visando a favorecer o respeito universal à justiça, ao Estado de direito e aos direitos humanos e liberdades fundamentais. Trabalhamos para promover uma educação de qualidade, erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, proteger o patrimônio, fomentar a criatividade e respeitar a diversidade cultural, promover o avanço das ciências a serviço de um futuro sustentável, preservar a biodiversidade terrestre e marinha do nosso planeta, favorecer a liberdade de expressão e construir sociedades do conhecimento. Com 194 Estados-membros, estamos engajados em construir um mundo mais inclusivo e melhor para todas as pessoas. 

Saiba mais: https://www.unesco.org/en/fieldoffice/brasilia 

Sobre o UNICEFO UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, trabalha para proteger os direitos de cada criança e adolescente, em todos os lugares, especialmente os mais vulneráveis, nos locais mais remotos. Em mais de 190 países e territórios, fazemos o que for preciso para ajudar crianças e adolescentes a sobreviver, prosperar e alcançar seu pleno potencial. Em 2025, o UNICEF comemora 75 anos no Brasil. O trabalho do UNICEF é financiado inteiramente por contribuições voluntárias.

Saiba mais: https://www.unicef.org/brazil/

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