Neste ano, o Núcleo de Graffiti da Ação Educativa reuniu 14 coletivos atuantes nas periferias e no centro da capital, e também na Grande São Paulo, na organização de uma exposição com 28 trabalhos em tela e em outros suportes para celebrar a data. Como nas outras edições, obras de adolescentes que cumprem medida socioeducativa em regime de internação na Fundação Casa também foram escolhidas para integrar a exposição.
Homenageado
O Núcleo de Graffiti também foi responsável por escolher um homenageado, que neste ano foi o artista Alexandre Luis da Hora Silva. Niggaz, como era conhecido, faleceuaos 21 anos, em 2003, e deixou um legado com obras marcantes e conhecidas do Grajaú à Vila Madalena (leia mais sobre a trajetória de Niggaz aqui) e também influências para toda uma geração.
“Quem buscar conhecer o graffiti de São Paulo, vai se deparar com as obras do Niggaz. Ele tinha um estilo marcante no traço, nas cores, tanto que, dez anos depois, ainda é referência para gente”, afirma André Firmiano, educador do projeto Arte na Casa que também participou da organização do evento e das intervenções feitas na fachada do prédio da Ação Educativa.
O grafiteiro Threiiiz, também educador do Arte na Casa e do grupo curatorial, afirma que a escolha do homenageado também se deu por sua capacidade de romper barreiras. “O Niggaz rompeu barreiras de distância física, econômica e artística. Ele quebrou o silêncio da periferia numa época muito mais difícil”, diz.
Shows
Além do coquetel de abertura da exposição, shows gratuitos animaram a noite. O rapper Fagner Faria subiu ao palco do auditório da Ação Educativa ao lado de seus convidados Lívia Cruz, Phael, Raphão Alaafin, Phato, Zero Onze, Drik Barbosa e Macello Gugu, para mostrar o peso do rap da Zona Leste.
Intervenção
Como parte das atividades comemorativas, a sede da Ação Educativa recebeu novas cores. A fachada, os murais da entrada e do hall do prédio ganharam nova pintura, feita por coletivos e artistas convidados. Um deles, o Comunidade Viva, de Mauá, desenhou no hall de entrada uma representação da Santa Morte. “É uma figura muito popular da cultura mexicana e é um representante dos renegados. Tem tudo a ver com a cultura do graffiti”, afirma a grafiteira Lela.
Além do Comunidade Viva, deixaram sua marca no prédio os coletivos 5 Zonas, Abayomi, Arte na Casa, Cedeca interlagos, Coletivo 132, Coletivo Água Branca, Desviolências, Cura, Imargem, Nev Crew, Nueve Polar, São Mateus em Movimento e Stencil BR. Para conferir as intervenções, basta passar na Ação Educativa no horário de funcionamento do prédio, das 8h às 22h.
Já a exposição comemorativa fica aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, e aos sábados, das 10h às 14h, até o dia 26 de abril. A Entrada é gratuita. Para Rodrigo Medeiros, assessor do programa de Cultura da Ação Educativa, a exposição é uma oportunidade de conhecer obras de grupos e artistas de todas as pontas da cidade. “Como não dá para percorrer a cidade toda para ver estas obras, a gente reúne uma parte delas aqui”, afirma.
A celebração do Dia do Graffiti 2013 faz parte das atividades do Espaço Cultural Periferia no Centro, projeto da Ação Educativa contemplado como Ponto de Cultura pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo e pelo Ministério da Cultura.
Dia do Graffiti
Comemorado desde 2004, o Dia do Graffiti foi instituído em São Paulo pela Lei Municipal nº 13903/2004, como forma de homenagear o grande pioneiro do graffiti no Brasil, Alex Vallauri, morto em 1987, e de reafirmar a importância desta expressão cultural periférica.
Exposição Comemorativa do Dia do GraffittiData: de 28 de março a 26 de abrilHorário: de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h; e aos sábados, das 10h às 14hLocal: ONG Ação Educativa – Rua General Jardim, 660 – vila Buarque – São Paulo, SPEntrada: gratuitaMais informações: (11) 3151-2333
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