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Ação Educativa participa de seminário sobre racismo ambiental

Onde se instalam as indústrias mais poluidoras ou aterros sanitários? Quem sofre as consequências? A degradação ambiental não é democrática: os impactos atingem com mais força populações negras, indígenas e de outros grupos étnicos desfavorecidos. A partir dessa constatação, diversos movimentos sociais vêm trabalhando com o conceito de racismo ambiental e um seminário, realizado entre 28 e 30 de maio no Rio de Janeiro, reuniu organizações para debater esse tema.

O Seminário Racismo Ambiental foi realizado no âmbito do programa “Juventudes e Direitos na Cidade”, que reúne Ação Educativa, Diaconia, Koinonia, Viva Rio, Ibase e Fase – esta última, organizadora do encontro.

Os debates tiveram como convidadas Julianna Malerba (Fase) e Cristiane Faustino (Instituto Terramar), que apresentaram, no primeiro dia de encontro, como a ideia de racismo ambiental se contrapõe ao discurso hegemônico que diz que todos somos atingidos e que todos somos responsáveis pela crise ambiental. Como explicou Julianna, “isso esconde a lógica política que organiza a distribuição da degradação”.

“O racismo é uma trama que estrutura a sociedade. O atual modelo de desenvolvimento é imposto sobre a sociedade. Negros e indígenas não são representados no Estado e na iniciativa privada, que definem esse modelo”, complementou Cristiane.

Outra convidada foi Tania Pacheco, coordenadora do Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental, da Fundação Oswaldo Cruz. Ela mostrou a metodologia do mapa, que registra casos em que populações são atingidas por projetos em seus territórios. É possível visualizar onde ocorrem os conflitos, os grupos atingidos, o contexto, dentre outras informações.

Além de discussões teóricas, os participantes do seminário viram na prática situações de injustiça ambiental. No dia 29, foi realizado um “Toxic Tour”, metodologia que foi utilizada durante a Rio+20. A jornada passou pelo bairro do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro. Além da movimentação de carretas devido ao porto e das fábricas instaladas no bairro, a região viu a atividade de pesca ser reduzida com a poluição na Baía da Guanabara.

O tour seguiu para o município de Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio. Lá está instalada a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), da Petrobrás, que ocupa 13 km2 de área, e outras indústrias petroquímicas. Os problemas são a emissão de gases, a falta de transparência sobre os riscos para a população e a falta de apoio para os moradores do entorno. A atividade petroquímica utiliza grandes volumes de água para resfriar caldeiras, mas a população enfrenta constantes problemas de falta d’água.

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