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Ação em Debate aborda a Copa do Mundo a partir da perspectiva de seus principais atores sociais: movimentos sociais e poder público

Encontro reúne o coletivo “Se não tiver direitos, não vai ter Copa”, o Comitê Popular da Copa de São Paulo e Prefeitura de São Paulo para discutir sobre o legado do Mundial para o país

Há algumas semanas do início da Copa do Mundo no Brasil, que segue no centro do debate nacional, a Ação Educativa promoveu encontro para suscitar a reflexão sobre este megaevento a partir da perspectiva dos sujeitos sociais que estão incidindo no processo de realização do campeonato no Brasil.

O debate começou com as provocações trazidas por um sarau temático, conduzido pelos poetas Dica L. Marx e Akins Kinte, que trouxeram em seus versos a perspectiva das transformações cotidianas provocadas pela relação entre a população, o futebol e o Mundial.

O encontro seguiu com a apresentação da perspectiva de Heitor Pasquim, do Coletivo “Se não tiver direitos, não vai ter Copa”, que iniciou sua explanação apresentado o ponto de partida de sua fala. Buscando se distanciar do lugar de liderança, Pasquim apresentou o coletivo como apartidário e horizontal. “O Coletivo ‘Se não tiver direitos, não vai ter Copa’ é uma reunião de coletivos, numa linha horizontal, ninguém responde pelo movimento, a não ser o próprio movimento, eu sou apartidário. O coletivo tem grupos com representação política, mas enquanto conjunto não tem partido”, explica.

Ao tratar da realização do evento, Pasquim declara ser contrário e é contundente “o Brasil não tem condições de ter Copa, devemos passar por uma reestruturação política, centrar esforços em assegurar direitos como educação, saúde e segurança antes de pensar em um Mundial. O nosso país está insuportável e o Estado não representa a mais ninguém”, afirma.

Já os representantes do Comitê Popular da Copa – grupo criado em fevereiro de 2011, como resultado da III Jornada por Moradia Digna – Priscila e Mateus, chamam a atenção para o cenário de violação de direitos resultantes ainda dos preparativos para realização do megaevento.

“A gente discute muito menos se vai ou não ter Copa, porque ela já está acontecendo. Já tivemos 10 trabalhadores mortos em obras, 250 mil pessoas removidas a força de suas casas, ambulantes e artistas independentes impedidos de trabalhar, mulheres, crianças e adolescentes sofrendo com a exploração sexual, pessoas em situação de rua sofrendo violência, estádios de futebol elitizados, bilhões investidos em armamentos, leis de exceção e uma grande dívida pública”, elenca Priscila em sua apresentação.

Sobre o desenvolvimento da região de Itaquera, bairro localizado na Zona Leste, Priscila e Mateus apontam o aumento dos aluguéis e a expulsão dos moradores para periferias mais distantes como as únicas mudanças significativas decorrentes da construção do estádio. Acrescentando o surgimento de um polo de prostituição em torno das obras como mais uma das mazelas que despontaram com a construção desordenada da arena.

O chefe de gabinete da Prefeitura de São Paulo, Osvaldo Napoleão, salienta que o debate deve evitar a mistificação e que as lutas sociais tem desencadeados processos fundamentais durante os preparativos para a Copa do Mundo. “Em uma cidade como São Paulo, cuja ocupação do solo urbano muitas vezes se dá e assim permanece por logos períodos de carência em políticas públicas de maneira inviável. Quando se pensa na construção de moradias dignas que atendam efetivamente às famílias e deem conta da preservação ambiental é um movimento conflituoso e delicado, envolvendo muitos sujeitos. Mas este seria um problema da Copa do Mundo? Ou da nossa cidade, da maneira como ela vem sendo pensada, do nosso Estado, do País? É importante refletir sobre as diferentes perspectivas existentes na análise da conjuntura atual”, comenta.

Segundo Osvaldo, os 3 eixos estratégicos para o legado da Copa são: compatibilizar a realização da Copa com o desenvolvimento socioeconômico e urbano da Zona Leste, melhorando a rede de serviços públicos e privados; consolidar São Paulo como referência internacional no turismo de eventos e negócios; projetar a Cidade como destino de lazer e cultura e aprimorar a governança e a transparência da gestão, com maior integração intersetorial e entre os governos federal, estadual e municipal.

Faça aqui download das apresentações do Comitê Popular da Copa e do Executivo Municipal.

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