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Ação em Debate: Ditadura Militar e Venezuela são temas de novo espaço de reflexão da Ação Educativa

No marco dos 20 anos da instituição, priorizando o fortalecimento dos espaços à reflexão sobre as diferentes realidades de nosso país, iniciativa integra a dimensão formativa da Ação Educativa

 

Em 2014, a Ação Educativa comemora 20 anos de uma trajetória de luta pela defesa e implementação dos direitos humanos e pela ampliação da democracia, fortalecendo a nossa identidade com a educação popular. Pensando nisto, muitas serão as rodas de conversas, os debates e espaços voltados à reflexão promovidos neste ano.

O Ação em Debate é mais uma iniciativa que se soma a este objetivo, realizado toda última segunda-feira do mês a partir das 19h30, proposta passa integrar a dimensão formativa da organização. As duas edições mais recentes trataram dos 50 anos do Golpe Militar no Brasil e da polêmica em torno da situação política da Venezuela.

Na data que marcou o cinquentenário do golpe que impôs ao Brasil 21 anos de um regime autoritário – dia 31 de março – os presentes puderam assistir a intervenção cênica “Três metros quadrados”, idealizada pela Kiwi Companhia de Teatro. A apresentação baseada em depoimentos de ex-prisioneiros/as políticos/as e em materiais documentais sobre violação de direitos humanos, abordou temas relacionados a violência institucional durante os períodos ditatoriais de países latino-americanos.

O coordenador da Unidade de Educação, Cidadania e Direitos Humanos, Sergio Haddad, durante a mediação deste primeiro encontro, destacou que entre os objetivos do encontro está “a ideia de ampliar as formas de participação e formação política num ambiente com diversas linguagens”.

Entre os debatedores, estavam Camila Gibin, integrante do Coletivo Anastácia Livre, e José Correa, pesquisador e professor universitário. Em sua explanação, José Correa convidou os presentes a fazer um resgate histórico do processo de construção da nação brasileira. “Com fim da ditadura Vargas, ampliou-se o desejo de participação, temas como a reforma agrária passam a ser pauta, por exemplo. A ditadura militar interrompe esse processo de construção de nação por 20 anos”, destaca.

José Correia comenta que “as manifestações que eclodiram em inúmeros locais em junho, marcam a primeira vez que em um país urbano e moderno setores divergentes se colocam novamente em disputa por um projeto de nação”.

Já Camila Gibin ressalta que a violência, que marcou os anos de chumbo, é “a própria essência do Estado”. “A militarização está na mídia e no poder, há um senso comum criminológico que está para além da polícia e encara a juventude negra como inimiga. Todo preso é um preso político”, conclui.

Em abril, momento marcado pela disputa política e pela pressão internacional na Venezuela, Igor Fuser, professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), e Mauricio Santoro, assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional Brasil trouxeram distintas perspectivas sobre a conjuntura venezuelana. A mediação ficou por conta da Coordenadora Executiva da Ação Educativa, Vera Masagão.

Na abertura, foram exibidos trechos do documentário “Ao Sul da Fronteira”, de Oliver Stone, diretor que viajou por seis países da América do Sul e Cuba entrevistando seus presidentes e analisando o modo como a mídia acompanha cada governo, bem como, lida com os Estados Unidos e organismos internacionais, como o FMI.

Apoiado em um Relatório produzido pela Anistia Internacional, Mauricio Santoro afirma que o principal problema que o governo Maduro tem que enfrentar são as questões sociais, em particular a inflação e a insegurança pública. “Lembro que o Chavismo está no poder desde 99, é um período longo, se pensarmos que é muito raro em regimes democráticos ter governantes que fiquem mais de 20 anos no poder. Isso quer dizer muita coisa, sobretudo em relação à satisfação do eleitorado. Porém, negar as injustiças e desigualdades impede uma avaliação mais nítida do país. São inúmeros os relatos de repressão às manifestações que identificamos em nossa análise.”, comenta.

Para Igor Fuser, a Venezuela é um país que chama tanta atenção e interesse dos órgãos internacionais por ser um dos países que mais vem se transformando no mundo, promovendo mudanças que – em sua avaliação – a esquerda brasileira nunca conseguiu implementar. “A Venezuela é um país que está mudando radicalmente. Começando pelo mais importante que é a área social, quando o Chávez chega à presidência, a Venezuela tinha 64% da sua população na pobreza, hoje esse índice é de 27%, menos da metade. Na saúde, são milhares de postos de saúde e centros de atendimento médico dos mais diferentes tipos criados nas comunidades pobres. Ou seja, pessoas que nunca tinham visto um médico, agora tem médico a poucos metros da sua casa. E estamos falando de milhões. Na educação, um em cada 3 venezuelanos está na faculdade.  E os dados podem prosseguir, o que quero explicitar é que há um desconhecimento sobre a situação real deste país.”, salienta.

Sobre os últimos episódios de enfrentamento no governo Maduro, Fuser ressalta que o executivo saiu fortalecido. Para ele se a Venezuela conseguir controlar a situação econômica o Chavismo permanece no poder. “Subestimaram o Maduro, porque ela é uma pessoa do povo, foi motorista de ônibus, mas ele demonstrou um equilíbrio absurdo, o uso de repressão à oposição foi mínimo, dada à dimensão do ataque que o Estado sofreu. Maduro apostou o tempo todo no diálogo, como resultado temos 85% da população repudiando as táticas da oposição”.

O próximo Ação em Debate será no dia 26 de maio e o tema será o legado da Copa do Mundo no Brasil. Fique ligado em nossas canais e acompanhe a divulgação do evento.

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