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Sexta Sonora: Radio Diaspora e Bá Kimbuta

O projeto Sexta Sonora abre 2018 com o duo Radio Diaspora e o rapper Bá Kimbuta ampliando os horizontes do manifesto contra a discriminação e violência praticada ao povo negro. Na contramão do monopólio da representação branca na música, a Radio Diaspora, na estrada desde 2015, traduz a diáspora africana por meio do experimentalismo do Free Jazz e da Improvisação Livre. Bá Kimbuta, também ativista do movimento negro, realiza desde 1996 um trabalho de resistência com jovens do Grande ABC e de São Paulo por meio do hip hop.

Os músicos que compõem o duo, Rômulo Alexis (Trompete, Flautas e Voz) e Wagner Ramos (Bateria e Eletrônicos), reverberam os signos da negritude por meio de zonas de intensidade sonora, conferindo novos significados à experiência musical afro-descendente. Em suas intervenções músicas, a Radio Diaspora trabalha o conceito de identidade cultural, que é flexível e dinâmico e envolve consciência de raça e sentido de pertencimento. Essa provocação é gerada por meio do resgate de toda a ancestralidade africana trazida pela diáspora e seus códigos sonoros, vocais, poli rítmicos, polifônicos. Toda essa herança ancestral que se espalhou pelo mundo após expropriações, genocídios, escravagismo.

Neste sentido, o rapper Bá Kimbuta trouxe uma grande contribuição ao ampliar ainda mais as possibilidades sonoras e conceituais do trabalho desenvolvido. “Convidamos Bá Kimbuta para se juntar a nós não só por seu reconhecido talento, mas porque temos os mesmos ideais e expressão de negritude, que se manifestam não só pelo seu som como também por sua poesia”, afirma Ramos.

Bá Kimbuta traz para a Radio Diaspora o aprofundamento das discussões dos temas raciais com sua rica musicalidade e poesia contemporânea, elevando o rap a diversas vertentes da música negra como afrobeat, funk, jazz, soul, samba, reggae, entre outros gêneros, sempre enaltecendo a cultura afrodescendente. A música é a arma, núcleo pesado de representações e sentidos, que tem como objetivo exorcizar por meio do ruído e do estranhamento toda violência secular contra a negritude.

Sobre os músicos:

Wagner Ramos
Bateria, módulo de percussão eletrônica, bases, MPC e eletrônicos. Wagner Ramos desenvolveu-se na relação profunda com a música negra em todas as suas formas (Rap, Jazz, Soul, Samba). Começou em bares e casas noturnas, depois fez parte do Grupo de Repertório do Sesc Vila Mariana, enveredou pelo Rap nacional com os rappers “Jamal e a Máfia do Cabelo Duro”, “Bá Kimbuta e Banda Makomba”, também tocou com a cantora “Yzalu”, entre outros.

Rômulo Alexis
Trompete, voz, flautas, instrumentos de sopro construídos, bases e eletrônicos. Artista multimídia, performer, músico improvisador e pesquisador de processos criativos, Rômulo Alexis enveredou pela música de invenção em profunda relação com o Free Jazz na banda JazSmetak. Fez parte das bandas DodecaFunk, Mnemosyne 5 entre outras. É um dos fundadores do Circuito de Improvisação Livre de São Paulo. Realiza trilhas sonoras para
dança, cinema e performance, atuando também como produtor cultural.

Ba Kimbuta
Saxofone e voz. Rapper, músico e combativo ativista da causa negra, Bá Kimbuta começou sua trajetória musical com a banda Uafro, em 1996. Além dos shows pelo Grande ABC, Bá cria com outros parceiros a associação Negroatividades, que promove debates e reflexões, como o evento “Grito pela Periferia”, documentado pela TV Cultura. Em 2012 lança seu primeiro trabalho, o Universo Preto Paralelo, totalmente com composições próprias. Neste álbum, Bá Kimbuta aprofunda temas raciais, somados a muita musicalidade, de forma poética e contemporânea, elevando o rap a diversas vertentes da música negra.