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Balada Literária: 14ª edição homenageia Paulo Freire com música, teatro e literatura

“É uma festa, é todo mundo ao mesmo tempo agora”. Com frases carregadas de sentimento e esperança, Marcelino Freire fala para a Agenda da Periferia sobre as expectativas para a 14ª edição da Balada Literária, que acontece entre os dias 4 e 8 de setembro, em diversos pontos da cidade de São Paulo. O homenageado desta edição é o educador e pensador Paulo Freire.

A Balada, que nesse ano passou também pelas capitais Teresina e Salvador, é bem mais que um encontro literário. Tem espaço para teatro, show e roda de conversa, explica seu Marcelino. Ele confessa que fazer essa “mistura de artes, as aldeias, gêneros literários e sexuais” não é fácil, mas é uma aposta que tem dado certo. Tão certo que, nos próximos anos, a expectativa é chegar em Porto Velho, São Luís do Maranhão e Rio Branco.

Marcelino ressalta a importância de homenagear Paulo Freire, de aproveitar a oportunidade de afirmar o ‘afeto e respeito ao legado’, do convite que o pensador pernambucano fez de assumirmos o nosso protagonismo, de ocupar o nosso lugar ao mundo. Um ponto de destaque da edição, é o lançamento, no domingo (05/09), de “O Educador – Um perfil de Paulo Freire”, de Sérgio Haddad. A biografia, explica Haddad, oferece um material acessível em conteúdo e informa aqueles que “não conhecendo o educador, quisesse um texto que fosse a porta de entrada para um conhecimento mais aprofundado sobre o biografado”.

Qual a expectativa para a edição desse ano?
Queremos que todo mundo de fato apareça para abraçar a família de Paulo Freire, para abraçar a  educação, para celebrar o respeito aos professores e professoras. A expectativa é esta: que, verdadeiramente, estejamos todos juntos. A Balada Literária aconteceu já em Salvador, pelo quinto ano, e em Teresina, pelo terceiro ano. Não é fácil tocar uma festa assim. Nossa expectativa é a de que as pessoas tenham entendido o nosso recado político. Que tenham entendido que precisamos, de fato, estar juntos e juntas.

Por que a escolha de homenagear Paulo Freire? Como se vê o momento em que um pensador tão importante passa a ser visto como “inimigo” , um pária?
A escolha de Paulo Freire é exatamente por isso. Não concordamos com essa perseguição. Queremos afirmar o nosso afeto e nosso respeito ao legado de Paulo Freire. O homenageado da Balada Literária é anunciado um ano antes. Desde o ano passado que decidimos por essa homenagem – para mostrar de que lado estamos. Para celebrar a educação, o pensamento de Paulo Freire, a obra deste grande educador. É uma Balada Literária para gritar a importância de Freire para nós, brasileiros, para todo o mundo.

Comente um pouco sobre essas frases “Somos nossa própria rua. Fazemos a nossa estrada”.
Freire falava isto: de nosso quintal, de nossa cabeça erguida, do orgulho que devemos ter de nosso lugar de origem. Paulo Freire nos alertava para a cidadania, para a nossa força como pessoa, como agente, como sujeito de nosso próprio destino. Povo consciente é povo vigilante, atento. É o medo que causa Paulo Freire. Ele alertava dessa manipulação, não queria que fôssemos oprimidos. Queria nossa reação, nossa consciência de valor.

Fazendo jus ao nome, a literatura tem um espaço especial na programação da Balada Literária em São Paulo, mas há também espaço para teatro, debates.  Como é combinar essas linguagens no mesmo evento?
A Balada Literária, desde seu primeiro ano, em 2006, mistura todas as artes, todas as aldeias, todas as vertentes, todas as áreas, todos os gêneros literários e sexuais. Reúne escritores consagrados a escritores que estão começando. Pela Balada Literária, nesses anos todos, já passaram Antônio Cândido, Rogéria, Conceição Evaristo, Mia Couto, Ney Matogrosso, Augusto de Campos, Suzana Amaral, Adélia Prado, Phedra de Córdoba, Tom Zé, Raduan Nassar, Ana Maria Gonçalves e jovens que vêm de Porto Velho, Macapá, Divinópolis, Teresina. É todo mundo ao mesmo tempo agora. É uma festa verdadeiramente para todos e todas e quem mais chegar, pode apostar.

O evento acontece em Teresina, Salvador e São Paulo. Por que essas três capitais e quais as diferenças e semelhanças entre cada uma das edições?
Queremos estender a Balada para Porto Velho, chegar em São Luís do Maranhão, ir para Rio Branco. A gente quer esses laços mais afetivos, digamos. Em Teresina, desde que homenageamos Torquato Neto em 2017, que fazemos uma edição por lá. Graças ao apoio do escritor Wellington Soares, que é o curador local. E em Salvador, fazemos há cinco anos, graças ao poeta Nelson Maca. Em comum: temos a loucura, a vontade, a sinceridade. Celebramos uma literatura sem frescura, entende? Estamos esperando mais outros “loucos”  e “loucas” aparecerem e se juntarem a nós. Quem se habilitará?

Fonte: Agenda Cultural da Periferia, por Paulo Freire

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