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Censo Escolar 2013: Matrículas na Educação de Jovens e Adultos registra queda de 20%

De acordo com os dados preliminares, Brasil tem 3,1 milhões de estudantes na EJA. Redução no número de matrículas é tendência desde 2007.

Resultados preliminares do Censo Escolar 2013, divulgados pelo Ministério da Educação, indicam que 3.102.816 estudantes estão matriculados na educação de jovens e adultos das redes pública estadual e municipal de ensino. Desse total, 2.143.063 (69,1%) estão no ensino fundamental e 959.753 (30,9%) no ensino médio. Dados demonstram redução de 20% em comparação com 2012, quando foram registradas 3.906.877 matrículas.

O coordenador do programa de Educação de Jovens e Adultos da Ação Educativa, Roberto Catelli, destaca que tal redução não significa uma queda por demanda dessa modalidade. Segundo dados do Censo 2010, o Brasil tem uma população de 65 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não concluíram o Ensino Fundamental e 22 milhões com 18 anos ou mais, que apesar de terem concluído o Ensino Fundamental, não concluíram o Ensino Médio. “Os dados são fortes e recortam um cenário que é preocupante, o tipo de oferta de EJA está muito aquém das necessidades da população. Esta modalidade precisa ser uma das prioridades das agendas educacionais de estados municípios”, comenta Catelli.

MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ANO

TOTAL

2007

4.985.338

2008

4.945.424

2009

4.661.332

2010

4.287.234

2011

4.046.169

2012

3.906.877

2013

3.102.816*

Fonte: Censo Escolar (*dados preliminares)

Entre as principais motivações que explicam este declínio, Catelli ressalta a ausência de um modelo flexível compatível com a realidade desse público e a importância de um planejamento articulado entre as iniciativas federal, estaduais e municipais voltadas para essa modalidade.
“Hoje, a carga horária e as condições para frequentar a escola são incoerentes com os modelos de vida. As pessoas não conseguem cumprir 20 horas semanais e acabam desistindo dos estudos. Além disso, há o que defino como o desinteresse das redes em manter a educação de jovens e adultos. Nesta lógica de investimento que procura contemplar a muitos com poucos recursos, a EJA é sempre preterida, sendo opção de cortes e redução de gastos. É preciso que os estados, por exemplo, saibam e tenham claro que quando você fala em alfabetização de crianças, um dos principais indutores são os familiares. Filhos de pais letrados tendem a ser mais letrados,  quem confirma isto é o próprio INAF [Indicador de Alfabetismo Funcional], ou seja, até para você pensar na educação das crianças, é preciso investir na educação de adultos. E não estamos falando apenas de analfabetos, antes de tudo estamos nos referindo a 87 milhões de brasileiros que não tem escolaridade básica acima de 15 anos, é muita gente, é metade da população brasileira, é uma restrição de direitos dos sujeitos ao longo do vida.”, conclui.

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