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Debate sobre relação entre sociedade e palavra escrita dá pontapé inicial em formação dos Jovens Monitores Culturais das bibliotecas públicas

Jovens Monitores refletiram sobre conto de Jorge Luís Borges e trocaram ideias com o poeta Akins Kintê

Os Jovens Monitores Culturais das Bibliotecas de São Paulo puderam discutir durante sua formação específica, realizada na segunda-feira (22/09), a desmistificação da leitura e da escrita. Assim, durante a conversa, foram evidenciadas outras formas de acesso à memória, que não apenas a escrita, questionando-se também a biblioteca como centro do conhecimento.

Foi proposta a leitura do texto “Biblioteca de Babel”, de Jorge Luís Borges, escritor, poeta e ensaísta argentino. O escritor é referência no gênero literatura fantástica e o conto trabalhado está presente em seu livro “Ficções”, de 1944. Uma série de reflexões a respeito da temática principal do texto foi realizada conjuntamente pelos Jovens Monitores Culturais e pela equipe pedagógica da Ação Educativa: opiniões sobre a ordem do mundo, a história humana, a ausência de Deus, a perda de um sentido universal, de uma verdade, uma metafísica capaz de unificar a natureza “babilônica” e caótica do mundo. A biblioteca representa, ao mesmo tempo, a totalidade e a impossibilidade do saber.

No período da tarde, os Jovens contaram com a presença de Akins Kintê, escritor e diretor do documentário “Vaguei nos livros e me sujei na merda toda”, de 2007. O debate se intensificou questionando ainda mais o espaço da biblioteca, por ser também um lugar onde se exclui negros e indígenas enquanto sujeitos da história.

Akins propõe uma nova forma de olhar para as bibliotecas, de uma maneira mais igualitária e que saiba valorizar e evidenciar as múltiplas diferenças da nossa sociedade. A biblioteca, então, pode ser um espaço não de opressão, como afirma Borges – “Suportei a biblioteca por cerca de nove anos. Foram nove anos de ininterrupta infelicidade.” -, mas de libertação e de luta – “É somente na escrita que podemos lutar contra o caos, que é o nosso mundo”, conclui o escritor argentino.

Nova turma

Um novo processo de formação se iniciou no Programa Jovem Monitor Cultural desde setembro. Além dos jovens monitores/as do CCJ – Centro Cultural da Juventude, outros jovens atuarão em 37 bibliotecas municipais, nas diversas zonas da cidade, e nos equipamentos do Museu da Cidade: Solar da Marquesa, OCA e Arquivo Histórico Municipal.

O objetivo do Programa Jovem Monitor Cultural é contribuir para a formação de jovens no campo da cultura, tendo em vista sua atuação na gestão pública e sua inserção como agente e produtor cultural para a realização de projetos culturais individuais e coletivos.

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