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Denise Carreira está entre brasileiras que farão parte da Rede Gulmakai do Fundo Malala

Ação Educativa é uma das três organizações nacionais que integram rede internacional em defesa da educação de meninas e mulheres; iniciativa é liderada por Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2014

A paquistanesa e ativista pelo direito à educação Malala Yousafzai anunciou nesta terça-feira (10/07) as brasileiras que passam a integrar a Rede Gulmakai, iniciativa do Fundo Malala que apoia ativistas cuja trajetória promove a educação de meninas e mulheres em vários países. Denise Carreira, que integra a coordenação executiva da Ação Educativa, está entre as escolhidas.

A parceria com o Fundo Malala vai permitir à Ação Educativa dar continuidade e reforçar seu trabalho em defesa da igualdade de gênero e de raça na educação. Apesar dos avanços vividos nas últimas décadas, ainda persistem desafios relacionados ao acesso e à qualidade da educação e à manutenção de discriminações de gênero, raça e sexualidade no ambiente escolar. A abordagem de questões de gênero na escola é fundamental para a luta por uma educação de qualidade para todos e contra o sexismo na sociedade em geral, mas tem enfrentado a atuação de grupos conservadores que querem censurar esse debate.

O projeto visa engajar professores, estudantes (principalmente jovens meninas), comunidades escolares, movimentos sociais, organizações e a sociedade em geral para combater discriminações de gênero, raça e sexualidade nas escolas. Isso se traduz na formação e apoio a professoras e professores, na mobilização de comunidades escolares para uma avaliação participativa da qualidade da educação com ênfase nas relações de gênero, no fortalecimento de jovens ativistas, na incidência política nacional e internacional, promovendo o envolvimento da sociedade na defesa de uma educação de qualidade, igualitária e democrática.

Denise Carreira é uma educadora popular, mestre e doutora em educação pela Universidade de São Paulo. Feminista antirracista e ativista de direitos humanos há mais de trinta anos, trabalha pela promoção da igualdade de gênero e raça nas escolas e nas redes educacionais do país. Foi coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, na qual foi responsável junto com o professor José Marcelino Pinto (USP) pelo estudo Custo Aluno Qualidade Inicial, que definiu o montante de investimento necessário por aluno para garantir educação de qualidade no Brasil. Durante sua coordenação na Campanha, liderou a mobilização Fundeb pra Valer, que incluiu em 2006 as creches no fundo da educação básica. Denise também foi Relatora Nacional de Educação da Plataforma Dhesca, visitando com o apoio do Ministério Público Federal várias localidades do país para investigar violações do direito à educação e fazer recomendações ao Estado brasileiro e à ONU. Por meio desse trabalhou influenciou legislações educacionais, entre elas a construção do Plano Nacional de Educação e as Diretrizes Nacionais de Educação no Sistema Prisional, e o posicionamento da Comissão Interamericana da OEA sobre a situação da educação de meninas e mulheres negras, indígenas e do campo no Brasil.

Foi integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Presidente do Conselho Municipal da Mulher de Rio Branco e Coordenadora do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Acre. Atualmente, Denise é membro da coordenação executiva da organização Ação Educativa e coordena a campanha Direitos Valem Mais, uma mobilização nacional pela revogação da Emenda Constitucional 95 (dez/2016), que cortou drasticamente os recursos da educação pública e de outras políticas sociais, inviabilizando o Plano Nacional de Educação e fazendo com que o país voltasse ao Mapa da Fome da FAO. Com o apoio do Fundo Malala, Denise expandirá seu trabalho sobre a igualdade de gênero na educação, especialmente contra a perseguição promovida por grupos ultraconservadores a professoras, estudantes e gestores educacionais que abordam as questões da igualdade de gênero nas escolas.

Foto: Bárbara Alves

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