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Dezembro marca o início das atividades preparatórias para o Mundial de Futebol de Rua em São Paulo

Lançado durante a IV Conferência Latino-Americana de Futebol e Desenvolvimento, evento teve sua primeira partida realizada entre os policiais da Guarda Civil Metropolitana e o Movimento da População de Rua de SP

 

Para debater e refletir sobre a experiência do Futebol “Callejero”, prática esportiva e sociopedagógica idealizada por Fabian Ferraro – ex-jogador de futebol argentino – para criar e acompanhar processos de aprendizagem e inclusão social, nos dias 4 e 5 de dezembro, a Ação Educativa, o Movimiento Fútbol Callejero e a FUDE (Fundación Fútbol para el Desarrollo) promoveram a IV Conferência Latino-Americana de Futebol e Desenvolvimento.

Com o tema Futebol e Direitos Humanos, o encontro teve como objetivo debater e refletir sobre as questões ligadas aos adolescentes e jovens por meio da expansão e implementação da metodologia do “fútbol callejero” no Brasil.

A vice-prefeita de São Paulo e coordenadora do SP Copa, Nadia Campeão, o Secretário de Cidadania e Direitos Humanos, Rogério Sottili, o integrante do Fundo Brasil de Direitos Humanos, Sérgio Haddad e o fundador da FUDEArgentina, Fabian Ferraro, participaram da primeira mesa do encontro sobre futebol, desenvolvimento e direitos humanos. Foram também realizados debates sobre educação, cidadania, organização comunitária e práticas culturais.

Para Rodrigo Medeiros, arte-educador e assistente de articulação do Mundial, este momento foi muito importante, sobretudo para consolidação da inciativa entre os Pólos definidos para disseminação da metodologia. “Desde outubro, iniciamos as visitas às organizações que atuarão como Pólos de difusão do futebol de rua para a formação dos times para o Mundial. Realizamos formações e debates com Capão Cidadão, Cedeca Sapopemba, Projeto Meninos e Meninas de Rua (São Bernardo), Centro Cultural Francisco Solano Trindade (São Bernardo), ADESM (São Caetano) e UNAS de Heliópolis. Participar desta conferência viabilizou a troca de experiências sobre diferentes realidades e o início da construção coletiva da implementação da metodologia do futebol de rua sintonizada com a dinâmica das comunidades”, ressalta.

Praça Roosevelt recebe a primeira partida de futebol de rua da capital paulista

Já no dia 13 de dezembro, como parte das atividades do 1º Festival de Direitos Humanos, aconteceu o jogo entre os policiais da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e o Movimento da População de Rua de São Paulo. A partida que terminou empatada, contou com a exposição Histórias Invisíveis, que trouxe bonecos construídos durante atelier-oficina promovido por um coletivo de artistas em parceria com conviventes de um albergue no extremo sul de São Paulo.

O Secretário de Direitos Humanos, Rogério Sottili, chama atenção para os possíveis significados assumidos por tal partida. “Realizar uma jogo a partir da metodologia do futebol de rua entre a população oriunda desse lugar e a GCM é simbólico demais, dialoga com aquilo que queremos. Ou seja, refletir sobre o papel da guarda e também dos moradores de rua, que não precisam ser inimigos, temos que promover uma relação de respeito. Além disso, tem o fato dessa partida ser realizada na Praça Roosevelt, local no qual no início da nossa gestão, um guarda civil metropolitano agrediu de forma extremamente truculenta, inaceitável, à paisana, um skatista. Nós não aceitamos que os locais públicos sejam reservados à violência ou a privatização. O espaço público tem que ser ocupado pela cidadania. Isso aqui é uma festa, é um grande espaço de luta em defesa dos direitos humanos.”, comenta.

A ideia da jogo foi apresentada pela Ação Educativa no Conselho da Cidade, instância municipal que reúne os representantes dos órgãos públicos e da sociedade civil. Sendo incorporada posteriormente ao festival durante a semana em que a temática de Direitos Humanos é celebrada mundialmente.

Erik Willian Belluco, membro do Movimento da População de Rua de São Paulo, reforça a importância de desmistificar o lugar social do morador de rua. “Em sua ampla maioria, a população de rua não é vagabunda ou drogada como dizem por aí, somos cidadãos comuns, com direitos e deveres, batalhamos em coletivos e organizações pela construção de políticas públicas que atendam as nossas demandas e dialoguem efetivamente com a nossa realidade. Por incrível que pareça, também trabalhamos e dessa forma não há justificativa para que não sejamos respeitados por quem quer que seja. A relação com a GCM não deve ser de rivalidade, com consciência das tensões existentes, estamos aqui mediando os nossos conflitos por meio do futebol.”, conclui.

Copa e Cultura de Paz

A Conferência é uma das ações do “Projeto de Futebol Callejero para a inclusão e a Promoção da cultura de paz no marco da Copa do Mundo Brasil 2014”, desenvolvido pela Ação Educativa, em parceria com a FuDe e a Terre des Homes. Seus objetivos são: 1) garantir o direito de brincar, pensar e praticar esporte como uma das ferramentas para superar situações de vulnerabilidade submetidas a crianças, adolescentes e jovens em suas comunidades; 2) Proporcionar um debate sobre as ações não violentas para a formação de uma cultura de paz.

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