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Em parceria com a AIESEC-USP, Ação Educativa realiza o encontro Olhares sobre a Primavera Árabe

Iniciativa contou com a presença dos jovens intercambistas egípcios Ahmed Sameh e Marwan ElRefay que partilharam suas experiências com os processos de mobilização em seu país

No dia 29 de outubro, em um evento aberto à participação do público, os Jovens Agentes pelo Direito à Educação (JADE) em parceria com a unidade Educação, Desenvolvimento e Relações Internacionais da Ação Educativa promoveram um debate sobre o fenômeno que ficou conhecido como Primavera Árabe.

Entre os convidados, estavam os jovens intercambistas egípcios da AIESEC-USP, Ahmed Sameh e Marwan ElRefay, e Filomena Siqueira, assessora da unidade Educação, Desenvolvimento e Relações Internacionais. A mediação da discussão ficou sob responsabilidade de Natália Lago, assessora do programa JADE.

A atividade teve início com um panorama sobre o cenário de conflitos e disputas na região apresentado por Filomena Siqueira, que trouxe parte de sua experiência em processos como o 13º Fórum Social Mundial realizado na Tunísia, país que também experimenta profundas transformações sociais. “O que mais me chamou a atenção durante o fórum na Tunísia, foi o intenso processo de reconstrução pelo qual o país estava passando. Afinal, tão grande quanto o desafio de derrubar um ditador do poder, é a implementação de uma nova forma de organização que contemple a pluralidade de crenças, posicionamentos e anseios que afloraram durante esses processos revolucionários. Entender o que acontece nessas regiões perpassa por conhecer essas especificidades, que são reflexos de tensões e contradições, que conquistam destaque nesse lugar de experimentação e difíceis diálogos que a implementação de um nova proposta política exige”, comenta.

Em seguida, em uma explanação partilhada, Ahmed Sameh e Marwan ElRefay, resgataram os processos enfrentados no Egito. Moradores de Cairo a época das mobilizações, os jovens participaram ativamente dos processos revolucionários enfrentados a partir de 2011.

Ahmed e Marwan comentaram que semelhante ao que os jovens assistiram durante as manifestações de junho no Brasil, quando o crescimento da violência durante a repressão das mobilizações acabou levando ainda mais pessoas às ruas, o mesmo ocorreu, em escalas diferentes, no Egito. “O cenário era de denúncias, corrupção e extrema violência de um governo que estava no poder há 30 anos. Todos estavam insatisfeitos com Mubarak, porém a oposição era duramente perseguida e reprimida. Até que um jovem que fazia parte de um grupo que questionava parte das ações governamentais foi brutalmente torturado, fotos dele divulgadas nas redes mostravam o quanto ele estava irreconhecível. E já não foi mais possível tolerar”, comenta Ahmed.

Ahmed recorda que a partir de um evento no facebook convocado por amigos desse jovem assassinado pela polícia, iniciou-se uma mobilização para uma manifestação que ocorreria no dia 25 de janeiro de 2011. Segundo o jovem, as informações eram confusas, apesar da ampla adesão na Internet, se sabia muito pouco o que poderia ocorrer naquela data. Ele revela que foi um “momento muito intenso, me despedi dos meus amigos na noite anterior por simplesmente não saber o que poderia acontecer”.

Foram 18 dias de protestos, com muitas mortes e dura repressão, até que finalmente o regime de três décadas de Hosni Mubarak foi deposto. Retomando o que já havia sido apresentado por Filomena, Ahmed e Marwan comentaram sobre as dificuldades de escolher os caminhos institucionais a serem seguidos após a queda de um governo. Com as novas eleições e a ausência de partidos políticos ou grupos consolidados que pudessem disputar o novo pleito, Mohamed Morsi da Irmandade Mulçumana conquistou a presidência.

Marwan comenta que passado um semestre do novo governo, temendo o avanço de uma onda conservadora, os protestos ocuparam as ruas novamente e ao contrário do que se viu em 2011, a repressão despontava daqueles que apoiavam Morsi. “Em uma das manifestações que fizemos em frente ao palácio do governo, enfrentamos a juventude da irmandade mulçumana. Em seguida, Morsi acirrou – por meio de um discurso de ódio – o embate entre a população. Ele chegou a incentivar o assassinato dos manifestantes”, explica.

Dessa vez, foram quatro dias de manifestações em massa para derrubar Morsi, que perdeu o apoio das Forças Armadas após o aumento da rejeição ao seu mandato e ao clamor que vinha das ruas. Para Ahmed as revoluções egípcias são um exemplo da atuação popular. “Hoje, Mubarak, Morsi e suas gangues estão presos, estamos construindo uma nova Constituição e ao contrário do que estão dizendo, não foi um golpe. Após dois ou três meses, de elaborada a carta, iremos realizar novas eleições”, conclui.

Como conteúdo complementar e de subsídio para discussão, Filomena indicou os seguintes materiais aos participantes do JADE:

Documentário “Praça Tahrir 18 dias de revolução inacabada no Egito”

Artigo “As lutas do mundo árabe”

Artigo sobre a Síria

“As revoluções árabes e o caso da Síria”

Artigo Fórum Social Mundial

“Contradições do mundo árabe em discussão”

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