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Estratégias e conceitos de comunicação na perspectiva cultural são abordados em ciclo de formação com jovens monitores/as

Oficinas procuraram trazer inspirações e dicas relacionadas ao campo da comunicação, pensando nos equipamentos públicos em que os jovens monitores/as culturais atuam

A comunicação, para além da sua visão instrumental, deve ser encarada como campo de conhecimento, direito e estratégia de mobilização de movimentos sociais, coletivos culturais e organizações da sociedade civil. A partir dessa visão, os jovens monitores/as culturais das Bibliotecas Públicas e do CCJ – Centro Cultural da Juventude puderam contar com oficinas de comunicação nas formações específicas de cada grupo.

As formações ocorreram entre o fim de junho e o mês de julho, abordando temas e estratégias diversas dentro desse eixo e contaram com a participação de Juliane Cintra, coordenadora de comunicação da Ação Educativa, e Denise Eloy, jornalista do Programa Jovem Monitor/a Cultural e do Setor de Comunicação da instituição.

Com os jovens monitores/as das bibliotecas, o ciclo começou abordando e diferenciando conceitos como comunicação, mobilização e articulação, a partir do diálogo com o grupo. A ideia era explorar a comunicação pensando o equipamento, no caso as bibliotecas, e seus respectivos territórios.

A partir disso, discutiu-se os limites e as potencialidades da comunicação na cultura. “O que podemos fazer na comunicação para fomentar mobilização? Quais são seus limites? Como podemos fazer comunicação de maneira diferente? É importante pensar que a comunicação se move a partir da criação de sentidos”, afirmou Denise.

Denise trouxe alguns casos de comunicação desenvolvidos pela Ação Educativa, com o objetivo de problematizar os conceitos anteriores e debater o campo. Ela também abordou a comunicação como parte do processo de produção de um evento ou atividade cultural. “A comunicação é processo e deve sempre estar integrada à produção, planejamento e organização de uma atividade”.

“Como a comunicação pode contribuir para a articulação entre biblioteca e território?”. Essa foi uma das perguntas que guiaram o primeiro trabalho em grupo, em que os jovens puderam refletir e trocar experiências sobre a comunicação em seus próprios eventos e atividades desenvolvidas nas bibliotecas. Na formação seguinte, já compartilhadas as experiências, eles planejaram a comunicação de eventos futuros que estavam sendo organizados à época.

No último dia de formação, foi realizado um debate em torno do documento orientador de práticas das bibliotecas no Facebook, construído em parceria com o Sistema Municipal de Bibliotecas. A iniciativa de tal documento se deu também a partir da atuação dos jovens monitores/as culturais nos espaços e seu objetivo é tornar a comunicação desses equipamentos mais orgânica e planejada na rede, sempre a pensando enquanto estratégia de diálogo com o público e visando a ocupação desses espaços.

Mídia radical, modernidade líquida e redes sociais

Os jovens monitores/as culturais do CCJ – Centro Cultural da Juventude também contaram com o debate em torno dos conceitos de comunicação, mobilização e articulação. Além disso, durante as duas primeiras formações, realizou-se uma exposição seguida de diálogo acerca da mídia radical, termo aprofundado pelo teórico de comunicação John Downing, que estudou largamente mídias alternativas e movimentos sociais.

Downing aponta que a mídia radical alternativa constituía a forma mais atuante da audiência ativa e tendência de oposição, abertas e veladas, nas culturas populares. Para ele, a democracia e a horizontalidade são estruturantes nesse conceito.“Não há como em um debate que propõe a reflexão, em sua totalidade, sobre democratização da mídia não adotar como perspectiva a horizontalidade ao definir processos. A representatividade e a horizontalidade devem ser os alicerces de qualquer elaboração midiática que se diz alternativa e radical”, comenta Juliane.

Juliane e Denise apresentaram alguns casos inspiradores de mídias radicais, a exemplo das mulheres mercadoras marroquinas, das mães da Praça de Maio, na Argentina, da resistência negra de Soujorner Truth e das arpilleras chilenas.

As formadoras pediram que, em grupos, os jovens pudessem refletir e estruturar uma ação de mídia radical para o CCJ – Centro Cultural da Juventude. Elas trouxeram algumas questões para nortear: “Que ação de mídia radical vamos propor?”, “Como será o passo a passo dessa ação (atividade(s) e pessoas envolvidas)?”, “Porque acreditamos que é importante para o CCJ?”

Durante o ciclo, também foi abordada a atuação do equipamento nas redes sociais. Juliane e Denise trouxeram conceitos relacionados à modernidade líquida, ciberativismo, comunicação em rede e inteligência coletiva. “Entender redes sociais enquanto formas de se relacionar pode soar um tanto óbvio, todavia reforçar tal distanciamento na nossa prática provocou os jovens a refletirem sobre o seu contexto e a importância deste ao dar conta de estruturar um processo comunicativo, que hoje ocorre no Facebook, mas que amanhã pode se dar em qualquer outra nova plataforma. Esse foi o nosso objetivo, esse foi o nosso ponto de partida”, conclui.

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