Evento reuniu 30 editoras independentes no Sesc Consolação, movimentou cerca de 12,5 mil atendimentos no espaço e registrou mais de R$ 25 mil em vendas de livros
A Feira do Livro Periférico 2025 encerrou sua edição no Sesc Consolação com resultados expressivos que confirmam a força da literatura produzida nas bordas. Realizada pela Câmara Periférica do Livro (CPL), com coordenação da ONG Ação Educativa, entre os dias 3 e 7 de setembro, a feira reuniu 30 editoras independentes, com participantes vindos não apenas de São Paulo, mas também de Belém (PA) e Rio de Janeiro (RJ), e consolidou-se como um espaço de circulação de ideias, diversidade e bibliodiversidade.
Público e circulação
Ao longo dos cinco dias, milhares de pessoas passaram pela feira, participando de debates, rodas de conversa, saraus, lançamentos, slams e atividades para todas as idades. A organização do Sesc estima que houve 12,5 mil atendimentos no espaço, ampliando também o consumo de alimentos e a circulação em diferentes áreas do prédio. O setor de alimentação registrou aumento significativo. Entre os dias da Feira, a Comedoria contabilizou um acréscimo médio de 500 atendimentos por dia, indicado pelo setor.
De acordo com o programador, Juan Victor Gonçalves, abrir o espaço do Sesc foi bem proveitoso. “Abrir o espaço do Sesc para receber essa diversidade, essa pluralidade de vozes da periferia, nessa região da cidade, é muito mais que simbólico, é fundamental”, comenta.
Todas as atividades foram gratuitas, com intérprete de LIBRAS, acessibilidade e programação para crianças, entre outras ações que buscaram diversidade e pluralidade na literatura, atingindo todos os públicos.
Para o escritor Geovani Martins, do Rio de Janeiro, autor do premiado livro de contos O Sol na Cabeça (2019), participar da Feira do Livro Periférico foi importante, sobretudo pela capacidade de organização da cadeia editorial independente. “É incrível ver essas editoras independentes todas juntas e ver os livros circularem. Isso tem que ser muito pensado, para ver como criamos outros espaços também, para não ficarmos dependendo só de espaços que às vezes são incômodos”, disse o escritor Geovani Martins, do Rio de Janeiro.
A fala dele é corroborada pela coordenadora da Ação Educativa, Magi Freitas. “O grande acerto é criar as oportunidades de trabalhar junto, criar essas conexões e a Feira [do Livro Periférico] só é possível porque existe a Câmara Periférica do Livro (CPL) que constrói essa articulação, que é fruto disso e ao mesmo tempo fortalece essa articulação. Consolida o trabalho de uma rede de autores e põe em evidência o trabalho das editoras e selos periféricos com uma riqueza muito grande”, destaca.
Vendas de livros e destaques editoriais
A feira também foi marcada pelo fortalecimento da circulação do livro e pelo sucesso de vendas. Segundo os expositores, foram vendidos cerca de R$ 25 mil.
- Entre os mais vendidos, destacaram-se:
- • Combo de Dominó de ossos (Dinha) e Dormindo com Ratos (Jaiane Conceição)
- • Ai, que tédio (Sacolinha), com 24 exemplares
- • Se eu tivesse meu próprio dicionário, com 32 exemplares
- • Jogo Okan (20 exemplares)
- • Histórias Mínimas e O Menino Que Pensa Fora da Caixa (11 exemplares cada)
- • Obras de cordel, como O Caminho não suave do Cordel: às regras (9 exemplares) e títulos sobre a cultura negra e periférica.
Impacto cultural
A Feira do Livro Periférica 2025 reafirma a potência da literatura das periferias, não apenas como espaço de resistência, mas também como espaço de circulação de conhecimento, fortalecimento comunitário e incentivo à leitura. O crescimento nos atendimentos e nas vendas aponta para uma edição histórica, consolidando o evento como referência no calendário cultural da cidade.
Para o coordenador de Cultura da Ação Educativa, Eleilson Leite, a ideia da Feira do Livro Periférico é promover um encontro que mostra que a literatura é também território de resistência, memória e invenção. “A principal ação da Câmara Periférica do Livro é a sua feira. Mais do que um evento, ela é uma afirmação de que nossas histórias, contadas a partir das periferias, têm valor e precisam ser reconhecidas”, completa Eleilson.
A escritora Helena Silvestre, que esteve presente no evento, comentou que uma feira de livros sempre foi um território onde os autores foram considerados estrangeiros e produzir um espaço como a Feira do Livro Periférico, para elaboração de arte, sobre estética, sobre escrita, sobre memória, sobre narrativa, sobre registro, onde os autores periféricos são os anfitriões, é uma grande vitória. “Não vão publicar a gente, a gente se publica, não vão circular a gente, a gente se circula e a gente se distribui também em feira”, ressalta.