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Ilú Obá de Min debate o empoderamento da mulher e a cultura negra com Jovens Monitores Culturais

Durante a formação, os Jovens conheceram a trajetória da entidade e refletiram sobre a história da arte-educação no país

A última formação do ano de 2014 para os Jovens Monitores Culturais começou com a retomada do debate sobre o campo da arte-educação no Brasil. Os jovens que atuam no CCJ – Centro Cultural da Juventude, nas Bibliotecas Públicas, no Museu da Cidade e no Arquivo Histórico fizeram uma reflexão sobre a função da arte e o papel do arte-educador na segunda-feira (15/12).

Para ilustrar as experiências desse universo, o grupo Ilú Obá de Min esteve entre os convidados. Beth Beli, arte-educadora, pesquisadora, percussionista e uma das idealizadoras do grupo, compartilhou a trajetória do bloco composto somente por mulheres que ocupam as ruas de São Paulo com arte e valorização da cultura negra, tudo sempre atrelado à dimensão formativa, sobretudo, de questões étnico-raciais.

Com os jovens organizados em roda, Beth iniciou a atividade apresentando o nome do grupo. “Ilú Obá de Min significa ‘As Mulheres que Tocam Tambores para o Rei Xangô’. No trabalho do Ilú Obá, só as mulheres podem tocar. Os homens só podem dançar”, conta.

Os Jovens Monitores Culturais aqueceram o corpo, através de exercícios conduzidos por Beth e Mazé Cintra, e conheceram os instrumentos (alfaias, agogôs, xequerês, djembê, entre outros). O bate-papo passou por diversos temas, dentre eles o racismo e os valores civilizatórios afro-brasileiros, como a circularidade, a oralidade, a religiosidade, a corporeidade, a musicalidade, o cooperativismo, a ancestralidade, a memória, a ludicidade e a energia vital (axé).

O Ilú desenvolve diversos projetos para além do bloco, dentre eles o debate “Ilú na Mesa”, que traz convidadas para abordarem o preconceito e o empoderamento da mulher. Atualmente, o grupo, que completou 10 anos em 2014, é uma entidade sem fins lucrativos.

Ao final da oficina, o Ilú apresentou parte de sua tradição aos Jovens Monitores Culturais, fechando a formação com bastante energia.

Para conhecer o Ilú:

Ilú Obá de Min – Série Feminismo

Ilú Obá de Min e Kuta Ndumbu

 

Arte-educação no Brasil

Na parte da manhã, para introduzir o debate sobre arte-educação e corporeidade, Rodrigo Medeiros, assessor da área de Cultura da Ação Educativa, partiu de alguns questionamentos: o que é arte? Qual o conceito de arte que carregamos conosco? O que é ser um arte-educador ou uma arte-educadora? “Arte-educação é um conceito que está em disputa política. Pensar arte e pensar educação; há um hiato entre essas duas esferas”, opina Rodrigo.

Percorrendo os sujeitos e as organizações que participaram da construção deste campo do conhecimento no país, Rodrigo remonta a trajetória do ensino e aprendizagem de arte, passando por Mário de Andrade e sua atuação com arte-educação e crianças nas bibliotecas de São Paulo – inspirado por John Dewey,  Anísio Teixeira e a Escola Nova na década de 1930;ensino de arte na educação não formal; criação das Escolinhas de Arte no Brasil; incorporação de arte na escola; Centros Populares de Cultura (CPCs) e pelo fortalecimento da pesquisa e dos estudos sobre arte-educação.

Os Jovens Monitores Culturais puderam conhecer – entre outros – a Proposta Triangular, hoje chamada de Abordagem. Formulada por Ana Mae Barbosa, durante a década de 1980, tal metodologia foi inspirada em ideias norte-americanas e inglesas, em conjunto com a trajetória de Ana como aluna de Paulo Freire, e fundamentou-se sobre o seguinte tripé: a contextualização histórica, a apreciação artística (análise de obras e objetos de arte) e o fazer artístico propriamente dito. A ideia era trabalhar de forma conectada com as realidades pessoais e sociais dos alunos, utilizando a produção, a apreciação e a reflexão.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) passou a considerar arte como disciplina obrigatória na Educação Básica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) definem as seguintes linguagens no ensino de arte: dança, música, teatro e artes visuais.

Para Rodrigo, entender esse processo histórico colabora no trabalho particular e coletivo dos Jovens Monitores Culturais. “Pensando politicamente esse conceito, conseguimos pensar em linhas gerais de atuação para os equipamentos públicos culturais”, afirma.

Para saber mais sobre arte-educação:

O que é ensinar Arte – reportagem da Revista Nova Escola

Ensino da Arte na escola pública e aspectos da política educacional: contexto e perspectivas – artigo de Karina Barra Gomes e Sonia Martins de Almeida Nogueira

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