A plataforma de gestão cultural e mapeamento colaborativo SP Cultura, desenvolvida pela Secretaria de Cultura no município de São Paulo, foi tema da formação dos Jovens Monitores Culturais na segunda-feira (01/12/14). O SP Cultura é livre, gratuito e funciona como um mapeamento do cenário cultural paulistano, em que os agentes culturais cadastrados podem participar de editais de fomento às artes da Prefeitura e divulgar eventos, espaços e projetos relacionados à cultura na cidade.
As bases para o desenvolvimento do projeto surgiram em julho de 2013, culminando no software livre Mapas Culturais, criado de acordo com as especificações do Ministério da Cultura e da Lei de Acesso à Informação, e que em São Paulo leva o nome de SP Cultura.
Com a ideia de reproduzir a experiência dos Mapas Culturais em outros municípios, um dos objetivos do SP Cultura é cadastrar agentes culturais – que podem ser pessoas físicas, organizações e instituições ou mesmo interessados por cultura, sejam gestores ou cidadãos.
A plataforma pretende seguir alguns valores, tais como transparência e acesso à informação, e servir a determinados propósitos, como pesquisa, comunicação e memória cultural da cidade. De acordo com Miguel de Castro Pérez, um dos desenvolvedores que trabalha no projeto, a plataforma cria uma organização complexa dentro da cartografia da cidade, possibilitando a vinculação de agentes a espaços, de eventos a projetos, dentre outros caminhos possíveis.
Para ele, também é uma maneira de conhecer o entorno e trabalhar com pessoas que estejam por perto. “Se você tem uma plataforma de informação interessante, independente da gestão, ninguém joga fora um trabalho desse. Você consegue fazer política com isso”, opina Miguel.
Conheça o SP Cultura: http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/
Cultura, políticas públicas e território
Luciana Lima, assessora do Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), comenta que este tipo de ferramenta é muito mais divulgada pelo seu uso. Ou seja, quanto mais pessoas a utilizam, mais gente a conhece e acaba entrando na dinâmica de funcionamento de redes. Nesse sentido, é preciso estimular seu uso.
A assessora explica que tal iniciativa entra em um contexto de forte debate sobre territorialização dentro da SMC. De acordo com Luciana, a atuação da Secretaria em gestões passadas se focava no centro e no centro expandido. Atualmente o desafio consiste em pensar a especificidade de cada local, de cada equipamento e de cada ação cultural, em conjunto com a política pública mais ampla.
Pretende-se que as políticas pensem os equipamentos culturais públicos não de forma isolada, mas articuladas com os agentes e ações culturais do território. “Como podemos pensar em fortalecer a potência que tem em cada região e também suprir as ausências?”, questiona Luciana.
Esse olhar para o território passa pelas ações da SMC com políticas intersetoriais, refletindo sobre a política pública de forma mais integrada e reafirmando a integração dos equipamentos no território como um todo. Também gira em torno de potencializar o uso dos equipamentos culturais, aproveitando ao máximo tais estruturas. Segundo Luciana, alguns questionamentos fazem parte deste processo de reflexão: como a Secretaria Municipal de Cultura consegue levar suas ações a lugares distantes e como consegue trazer as demandas desses lugares? Como se pode integrar essa comunicação?
“Uma frente importantíssima para conseguirmos promover articulação territorial são os equipamentos, mas está para além disso. Temos que pensar todas as ações de difusão e fruição cultural, como criamos circuitos culturais com circulação por toda a cidade. Ao mesmo tempo, como conseguimos dialogar com aquele circuito que está na localidade, incorporar na nossa atuação”, Luciana explica.
Além da reflexão sobre o papel dos equipamentos e sua integração com o território, Luciana também apontou como parte da política de territorialização os programas de formação cultural e artística e a área de fomento, abordando a descentralização do investimento para dar conta da cidade como um todo.
Como exemplo, citou a reformulação do Conselho Municipal de Cultura, tornando-o mais plural, e as articulações com fóruns e comunidades locais. “O grande desafio é pensar espaços, formas, instrumentos de gestão que possibilitem essa articulação, essas conexões acontecerem de alguma forma. Temos uma frente importante que dialoga com isso, que é a participação social”, conclui Luciana.