Como parte da dimensão formativa da área de programação, no mês de fevereiro, os jovens monitores do Centro Cultural da Juventude – CCJ fizeram visitas a diferentes tipos de equipamentos culturais: a Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha e o Auditório do Ibirapuera.
Na Fábrica de Cultura, o objetivo da visita, foi conhecer os diferentes tipos de equipamentos públicos culturais da Zona Norte, no entorno do CCJ. Os monitores foram recebidos pelo gerente geral do espaço, Rubens Moraes, e pelo articulador cultural e graffiteiro, Bonga. Já na visita ao Auditório do Ibirapuera, eles tiveram a oportunidade de conversar com Edson Natale, responsável pelo Núcleo de Música do Itaú Cultural.
Programação e sensibilização de públicos
Para Rubens Moraes e o grafiteiro Bonga, um dos grandes desafios de um equipamento público cultural é a construção de uma programação que dialogue com as diversas realidades dos públicos. Bonga afirma que o pontapé inicial deve estar no entendimento de profissionais – como os jovens monitores – de que são prestadores de serviço para a comunidade.
“É preciso estar atento aos artistas locais, às necessidades e expectativas da comunidade. O nosso trabalho está, primeiramente, em fazer uma imersão no entorno. Pois a quebrada é desconfiada, são anos enfrentando iniciativas oportunistas. Eles, no primeiro momento, vão achar que isso aqui é tudo, menos gratuito. Como um ‘Independence Day na Favela’. Cabe a nós sensibilizar, aliando as possibilidades e objetivos do equipamento público, a demanda local.”, explica.
Bonga destaca ainda que na gestão de equipamentos públicos é preciso conciliar flexibilidade e desburocratização dos processos. “As Fábricas de Cultura devem e pretendem ser espaços com linguagem acessível e popular, contextualizado com esse lugar de escola de artes. Essa é a proposta”.
Ele reforça que a ideia é fortalecer a Fábrica de Cultura como um espaço voltado a diferentes públicos, mas também ampliar seus muros, atraindo cada vez mais os moradores do entorno para conhecer o espaço e as atividades. “É possível conciliar inúmeras atrações, de grandes eventos a iniciativas como a Academia para Terceira Idade, que era uma demanda local. Vem gente da Vila Madalena, vem sim, mas, sobretudo e principalmente, do Jardim Guarani, Lauzane Paulista, da Friburgo e das vilas da região.”, comenta Rubens.
No Auditório do Ibirapuera, a realidade é distinta. No entanto, a preocupação em garantir uma grande abrangência de gêneros, assim como assegurar a diversidade de públicos, também está presente. Natale ressaltou que os ingressos gratuitos ou de baixo custo são formas de difundir o acesso à programação.
Para Natale, antecedência é um fator importante no trabalho do programador, profissional responsável por pensar as atrações culturais, especialmente em um espaço requisitado, como é o caso do Auditório. Natale chama atenção dos jovens para a importância da isenção no processo de construção da programação. “O foco deve ser sempre o público, o programador cultural não deve se utilizar de seus próprios gostos musicais e de amizades pessoais para definir sua grade”, conclui.
Ao final da visita, os jovens monitores conheceram as dependências do auditório e presenciaram a montagem do palco para um evento.
Fábrica de Cultura e vulnerabilidade social
A Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha é divida em três áreas: articulação e difusão, cuja função é promover shows e atividades culturais com coletivos, artistas e grupos locais; coordenação pedagógica, responsável pelas formações; e administração. Com capacidade interna para 5 mil pessoas, este equipamento possui uma extensão de 6 mil metros quadrados.
Segundo Rubens, em 2003, foram levantados sete pontos críticos na cidade de São Paulo, “pontapé inicial para a concepção das nove fábricas de cultura que existem atualmente”, construídas a partir de 2006 em territórios com altos índices de vulnerabilidade social.
Conheça mais sobre a história das Fábricas de Cultura:
http://www.fabricasdecultura.org.br/fabrica/vila-nova-cachoeirinha
http://www.cultura.sp.gov.br/StaticFiles/FabricasDeCultura/fabricas.html
Auditório do Ibirapuera
O projeto do Auditório do Ibirapuera foi concebido na década de 1950 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, mas sua construção foi finalizada em 2005. Com capacidade interna para 800 pessoas, o auditório recebe em sua programação espetáculos de música, teatro e dança. Se incluída a área externa, o público pode alcançar até 15 mil pessoas. Em seu subsolo, funciona a Escola do Auditório, um centro de ensino de música com 170 alunos: crianças e adolescentes da rede municipal de ensino.
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