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No ano em que completa 25 anos, a Ação Educativa realiza sua assembleia anual de sócios e sócias

No dia 31/05, a Ação Educativa realizou sua assembleia anual. Estiveram presentes cerca de 50 pessoas, entre funcionários, sócios e corpo diretivo. Maria Malta Campos, pesquisadora sênior do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (FCC), deixa a presidência da entidade depois de 15 anos e Vera Masagão Ribeiro, que durante muitos anos foi coordenadora geral da instituição, assume o cargo.

A nova diretoria é composta também por Baby Amorim, artista plástica, produtora, ritmista e uma das coordenadoras do bloco Ilú Obá de Min, e Ana Lúcia Silva Souza, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Na assessoria da diretoria estão Petronilha Gonçalves, professora emérita da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Mariângela Graciano, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Salomão Ximenes, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC). O geógrafo Waldemir Bargieri e os administradores Waldir Aparecido Mafra e Gislene Aniceto compõem o conselho fiscal.

Ana Lúcia Silva Souza e Baby Amorim, diretoras da Ação Educativa

As ações, projetos e atividades internas realizadas em 2018 foram apresentadas pela coordenadora geral, Maria Virgínia de Freitas, socióloga, educadora e mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP). Na agenda institucional interna, destacou-se o processo de enfrentamento ao racismo institucional, que é realizado com consultoria do Instituto AMMA Psique e Negritude e as agendas relacionadas a cuidado e auto-cuidado, que ganharam maior relevância em função do momento político e da conjuntura de 2018.

Maria Virgínia de Freitas, coordenadora geral, e Maria Malta Campos, presidenta da Ação Educativa no período de 2004-2019

Maria Virgínia de Freitas e Vera Masagão Ribeiro, nova presidenta da Ação Educativa

Nos projetos executados ao longo do ano, um dos destaques foi o tamanho do público com que a Ação Educativa atuou: cerca de mil adolescentes que cumprem medida socioeducativa, 2.800 estudantes do Ensino Médio, 230 jovens ativistas, 40 coletivos culturais periféricos, mil educadores e 3 mil participantes das atividades do Centro de Formação: Educação Popular, Cultura e Direitos Humanos.

Foi destacada também a publicação, em 2018, de um conjunto de materiais, que oferecem informações e reflexões que buscam contribuir para qualificar o debate público, a participação social e a elaboração de políticas públicas:

– Guia Juventude Nas Cidades – São Paulo
– Guia A Escola na Rede de Proteção dos Direitos de Crianças e Adolescentes
– Indicadores da Qualidade no Ensino Médio
– Manual de Defesa Contra a Censura nas Escolas

Os livros “Na linha tênue”, que reúne experiências de arte educação em contextos de privação de liberdade, e “Eclipse do progressismo”, que debate a esquerda latino-americana, também foram citados e em breve estarão disponíveis.

Do plano de atividades para 2019, o destaque foram as comemorações relativas aos 25 anos de atuação enquanto organização da sociedade civil comprometida com os direitos humanos e a democracia. Dentre as ações previstas, estão a construção de uma biblioteca digital com seu acervo e a realização de um seminário, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), sobre ONGs e democracia no Brasil – programado para outubro.

Assembleia anual da Ação Educativa

Ativismos juvenis e resistência

Como em todas as assembleias anuais, a organização propõe um debate sobre algum tema de sua atuação, trazendo convidados e convidadas para contribuir. Em 2019, os ativismos juvenis e os caminhos de resistência foi o tema debatido por Erika Hilton, deputada pela Bancada Ativista, e Marcelo Rocha, estagiário da instituição e militante das ocupações secundaristas. A mediação ficou por conta de Marilia Sposito, sócia da Ação Educativa e professora da Faculdade de Educação da USP.

Compartilhando suas próprias trajetórias individuais no campo pessoal e da militância, Erika salientou o mecanismo virtual e as articulações proporcionadas pela internet e pelas redes sociais como fundamentais no seu ativismo, em especial no contato com outras pessoas que vivem realidades parecidas com a sua, enquanto uma mulher negra e transvestigenere. Erika foi a primeira de sua família a entrar numa universidade pública e em 2018 recebeu o convite da Bancada Ativista para integrar uma candidatura coletiva, que reuniu nove pessoas das mais diversas militâncias e conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), tendo recebido cerca de 150 mil votos. Erika destaca que é necessário compreender a potência de um mandato coletivo, que pode expressar saídas para o momento atual de polarização política. “Uma política que reflita o rosto das pessoas, uma inovação de fato, pessoas reais, comuns, que vêm de diversos segmentos. Isso é potente”. Também ressalta que o jogo burocrático e institucional é difícil e é preciso fomentar iniciativas de mandatos revolucionários. “Esses corpos diversos querem pautar a política, não mais pedir”.

Já Marcelo, a partir de sua história enquanto militante estudantil, apontou que a “as juventudes estão no mundo inteiro se mobilizando”. Mesmo silenciadas, são vozes que compõem as lutas juvenis e que buscam uma transformação social real, que não se encontra apenas no campo das políticas públicas e da institucionalidade, mas também no campo cultural, da mudança de pensamentos e de paradigma. “A escuta política é ouvir de verdade as pessoas”.

As falas provocaram um amplo debate entre sócias/os, funcionárias/os e parceiras/os, suscitando questões sobre os diferentes caminhos colocados para o campo dos direitos humanos na conjuntura atual, que apresenta inúmeros desafios, mas também possibilidades de criação e inovação na ação política.

Marilia Sposito, Marcelo Rocha e Erika Hilton

Histórico

A Ação Educativa é uma organização da sociedade civil fundada em 1994 que tem como objetivo promover direitos educativos, culturais e da juventude e tendo em vista a promoção da democracia, da justiça social e da sustentabilidade socioambiental no país.

A instituição nasceu do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), organização que nas décadas de 1970 e 1980 participou na luta pela redemocratização do país apoiando a organização de movimentos populares. Tendo como berço a educação popular, a Ação Educativa fez sua história conectando a educação com a cultura e reconhecendo os/as jovens como sujeitos de direitos.

Sócias/os, funcionárias/os e parceiras/os da Ação Educativa

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