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O coordenador da Ação Educativa, Antonio Eleilson Leite, lança livro sobre as tendências contemporâneas do Graffiti em São Paulo

Livro lançado no dia 11 de dezembro, apresenta facetas pouco conhecidas do graffiti paulistano: presença feminina, artistas negros e a ascensão de coletivos

Graffiti em SP – tendências contemporâneas apresenta um histórico da exposição comemorativa do Dia do Graffiti realizada anualmente na sede da Ação Educativa desde 2004. Nas suas 10 edições o evento reuniu 223 obras de artistas individuais e de coletivos. Passaram pela Expo Graffiti desde os pioneiros como Carlos Matuk e Hudinilson, falecido em 2013, até a geração hip hop, passando pelo graffiti anarquista e a introspectiva arte produzida por adolescentes internos da Fundação Casa. Além da exposição de obras, todos os anos grafiteiros são convidados a pintarem um painel de 16m2 instalado no Hall de entrada da sede da Ação Educativa, além de intervenções na fachada do prédio e diversas pinturas coletivas de rua. Somando as atividades, mais de 300 grafiteiros participaram da comemoração do 27 de Março na última década.

Ao se debruçar sobre esta experiência, Antonio Eleilson Leite, observou três características importantes do Graffiti atual em São Paulo: a emergência de coletivos; a ampla presença feminina e a afirmação de um graffiti negro. O organizador da obra, juntamente com Carolina Moraes, discorre sobre essas três evidências apontando artistas de referência e os processos que vieram por definir essas facetas no panorama atual da arte urbana em São Paulo. Eleilson, porém, optou por deixar os grafiteiros e grafiteiras falarem, tornando o livro polifônico. Três grafiteiros negros, seis grafiteiras e seis coletivos deram seus depoimentos enriquecendo a obra com a voz ativa de quem vive as ruas.

Graffiti em SP traz também três artigos que contextualizam o graffiti e a arte de rua na Capital Paulista. Celso Gitahy, grafiteiro das antigas e há mais de 20 anos, principal articulador das comemorações do 27 de Março ofereceu um belo texto que conta as origens da homengem a Alex Vallauri. Ele conta que grafiteiros amigos de Vallauri se reuniram no “Buraco da Av. Paulista” no dia posterior à morte do artista para lhe render um tributo da forma como aquele mestre mais apreciava: nos muros da Cidade. Um importante Jornal cobriu a intervenção e estampou a seguinte manchete: “Está decretado o dia nacional do graffiti”. E assim ficou informalmente instituído o Dia do Graffiti que nunca foi nacional, e, tampouco, oficializado. Rodrigo Medeiros, grafiteiro da nova geração e atual curador da Expo Graffiti 27 de Março se encarregou de fazer um balanço histórico do graffiti paulistano, identificando quatro fases fundamentais desta arte: as pichações poéticas dos anos 1960/70; o surgimento do graffiti e a consagração de Alex Vallauri; a entrada em  cena do hip hop, trazendo as periferias para provocar esteticamente uma arte que, embora marginal, era dominada por artistas de classe média; e por fim, uma abordagem mais contemporânea da arte de rua que reivindica o direito à Cidade, trazendo de volta os coletivos de intervenção. Por fim, Sergio Franco, sociólogo e curador escreve um texto acadêmico sobre a “pixação com x” e sua importância na estética urbana da Metrópole, apontando os processos criativos e transgressores de pichadores que atuam na calada da noite paulistana.

Com mais de 50 imagens, Graffiti em SP é traz uma importante iconografia com fotos de graffitis e também reproduções dos catálogos feitos por Bete Nóbrega, esta, também, grafiteira que aparece tanto como artista feminina, quanto como integrante do coletivo Stencil Graffiti. Desses catálogos são reproduzidos textos preciosos feitos por João Spinelli, Paulo Klen, José Roberto Aguilar e Sergio Franco, aumentando ainda mais a dimensão colaborativa do livro que tem prefácio do rapper Criolo. O autor de Não Existe Amor em SP, brinda os leitores com a bela poesia O vulto do Revide que tem versos como: O suporte do graffiti é a mente/A cidade só recebe a visita/Pois quando não a sinto minha/Me sinto assim, visita não desejada. O livro integra a Coleção Tramas Urbanas da Aeroplano Editorial, do Rio de Janeiro, Coleção coordenada por Heloisa Buarque de Hollanda.

Serviço:

Graffiti em SP: tendências contemporâneas

Organizador: Antonio Eleilson Leite, historiador, programador cultural, coordenador de cultura da Ação Educativa

Editora: Aeroplano Editora, Rio de Janeiro

Preço: R$ 25,00

 

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