Reeleita Presidenta da Ação Educativa na última Assembleia Geral Anual, na quarta-feira (22/05), Maria Machado Malta Campos deu entrevista ao site da organização para comentar as conquistas dos últimos três anos e os desafios para o próximo triênio (2013-2015). Para ela, a emergência de novas agendas não é o principal desafio, já que “a organização mostra maturidade e dinamismo para incorporar novas pautas com competência”. Leia abaixo a entrevista.
Ação Educativa: No que se refere à incidência politica para a garantia de direitos, quais são, em sua opinião, as principais conquistas da organização nas áreas de Cultura, Educação e Juventude nestes últimos três anos?
Maria Malta: Acho que foram muitas as conquistas, sobretudo para as agendas que acompanhei mais de perto, como a questão da Educação Infantil e da luta por vagas em creches, mas minha impressão geral é que a Ação Educativa é uma organização que vive um período muito maduro.
Mesmo quando aparecem novos desafios, como os muitos que vivemos nestes três anos, ou novas temáticas, temos sempre uma segurança na abordagem por causa da experiência destes 19 anos. Mesmo que surja um novo assunto, se projeta para ele a experiência metodológica, política, e a inserção social da Ação Educativa. Estas são características de uma organização madura e, justamente por isso, muito requisitada também. Muitas vezes o desafio é saber avaliar que pauta priorizar e quais projetos se enquadram no perfil da instituição. Quando chega um projeto, precisamos avaliar: será que é o perfil de atuação da Ação Educativa? Será que temos condições de fazer?
Ação Educativa: E como você definiria este saber-fazer conquistado pela instituição, o que seria seu DNA?
Maria Malta: Ele é fruto de uma instituição que nasceu com uma missão clara e que conseguiu preservar sua identidade, mas não de maneira estática. Acho que o mais importante é perceber o dinamismo e a capacidade de análise da conjuntura que fazem com que a Ação Educativa seja capaz de se renovar conforme a sociedade e as demandas vão mudando.
Tanto é assim que quando você vê discussões sobre alteração no estatuto, como agora na Assembleia, você percebe que são discussões que não se atêm a detalhes do texto, mas se referem ao cerne da nossa identidade, do próprio DNA da instituição.
Outra característica importante é o diálogo e a articulação com outros atores. Muitas pessoas da Ação Educativa têm papel um papel importante em outras redes, como a Abong, a Rede Nossa São Paulo, em redes de Juventude, Educação de Jovens e Adultos. Isso se reflete no papel de liderança que a Ação Educativa assumiu no campo e também ajuda a manter a organização sempre muito informada sobre os desafios que se colocam para o conjunto de organizações e para a sociedade.
Ação Educativa: Quais são as principais agendas que a conjuntura dos próximos anos deve colocar para a Ação Educativa e para a sociedade civil brasileira?
Maria Malta: Há algumas questões que estão surgindo com muita força, como a questão das creches e do direito à Educação infantil, o tema da Laicidade do Estado, algumas propostas de alteração na legislação, como as proposta de redução da maioridade penal. Nestes e em outros temas, a Ação Educativa sempre tem sido procurada porque a sociedade busca apoio e interlocução com organizações com acúmulo no tema e a Ação acaba sendo referência quando se trata de questões ligadas a direito e à participação política nas áreas de Cultura, Educação e Juventude.
Ação Educativa: No que diz respeito à sustentabilidade, quais serão os maiores desafios nos próximos anos?
Maria Malta: Acho a questão da sustentabilidade financeira a parte mais complicada. Estamos vivendo um período de crescentes exigências burocráticas, com o objetivo de fiscalizar melhor o uso do dinheiro público porque algumas organizações fazem mal uso. Mas isso também envolve custos muito grandes. A questão não são apenas os recursos financeiros, mas também a sobrecarga do Setor Administrativo e Financeiro.
Estamos vivendo num período em que a relação Estado-Organizações da Sociedade Civil está sendo o tempo todo tencionada, seja porque se quer jogar para a sociedade civil o que deveria ser assumido pelo Estado, seja porque muitas vezes se destina dinheiro para que entidades realizem o que não é do seu perfil. Temos procurado superar com várias estratégias. Por exemplo, em determinados momentos é preciso fazer um pool de entidade para pressionar os financiadores.
Também os recursos têm sido mais fragmentados. O financiamento institucional é cada vez mais difícil. Só se consegue financiamento para projetos, mas há muitos custos fixos que não podem ser cortados se o projeto parar.
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