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Pela primeira vez, Indicador de Alfabetismo Funcional incorpora dados sobre o alfabetismo no contexto digital

  • Resultados obtidos permitem avançar no entendimento de como o alfabetismo incide sobre o modo de lidar com textos e informações numéricas no mundo digital.
  • Para 17% dos alfabetizados em nível elementar, o ambiente digital ajuda em suas tarefas. Para proporção equivalente (18%), no mesmo nível, ele traz desafios adicionais.  
  • 40% dos alfabetizados proficientes apresentaram médio ou baixo desempenho em tarefas digitais.
  • 95% dos analfabetos só conseguem realizar um número limitado de tarefas no contexto digital.
  • Os mais jovens são aqueles que se situam no nível mais alto de desempenho digital, com maior número de acertos no teste proposto, especialmente aqueles entre 20 e 29 anos (38%) e, em seguida, aqueles entre 15 e 19 anos (31%). 

A edição 2024 do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) traz uma inovação importante: a inclusão do alfabetismo no contexto digital. Além de medir o uso social da leitura, da escrita e da matemática em situações do cotidiano, tornou-se necessário refletir as transformações tecnológicas que vêm ocorrendo no modo como as pessoas se informam, se comunicam, estudam e trabalham, consomem e se divertem, cuidam de sua saúde, participam da sociedade, se relacionam e se desenvolvem individual e coletivamente.

Nesta edição, além do teste impresso, os participantes foram convidados a resolver algumas questões por meio de uma interface utilizando aparelhos celulares. Os resultados obtidos permitem avançar no entendimento de como  o nível de alfabetismo influencia a capacidade das pessoas de lidar com textos e informações numéricas no ambiente digital. O estudo também oferece algumas pistas sobre como o consumo e a produção de informações nesse ambiente podem ampliar ou limitar as possibilidades de inserção plena dos indivíduos numa sociedade crescentemente rica em tecnologia.

Os resultados estão organizados em duas partes: uma primeira, com foco no indicador historicamente produzido e, uma segunda, com o foco nas primeiras análises específicas do alfabetismo no contexto digital.

RESULTADOS

Foram entrevistados 2.554 indivíduos de 15 a 64 anos, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país, para mapear as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros. Foram realizados recortes específicos para as faixas de 15 a 19 anos e de 15 a 29 anos. A margem de erro estimada varia entre 2 e 3 pontos percentuais, a depender da faixa etária analisada, considerando um intervalo de confiança estimado de 95%.

Coordenada pela Ação Educativa e pela Conhecimento Social, a edição 2024 do Inaf é uma co-realização da Fundação Itaú, em parceria com a ⁠Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, UNESCO e UNICEF. 

Avaliação

Para avaliar as habilidades dos brasileiros no mundo digital, foram propostas três tarefas da vida cotidiana dos brasileiros. Na primeira, o entrevistado deveria realizar a compra de um par de tênis a partir de um anúncio publicitário em uma rede social. A situação exigia que o entrevistado escolhesse o produto, a numeração do tênis e efetuasse a compra online. A situação apresentava, ao final, mais um link para que o entrevistado avaliasse a segurança antes de concluir a operação efetuando o pagamento. 

A segunda situação envolvia uma conversa em aplicativo de mensagens de dois colegas combinando assistir a um filme. O cenário englobava a navegação em aplicativos de streaming de audiovisual e a troca de mensagens instantâneas. 

A terceira situação propunha que se efetuasse, para uma colega, a inscrição em um evento por meio de formulário online. Além do preenchimento do formulário de cadastro com os dados da colega, era preciso a criação de senha e envio de fotografia/documento em anexo. 

Para definir os primeiros resultados no ambiente digital, foi considerada a proporção de acertos, em três grupos de desempenho: baixo, médio e alto, sendo que o primeiro (baixo) considera o acerto de até um terço em relação ao total de atividades propostas, o médio até dois terços e o alto mais de dois terços do total de itens apresentados. A tabela a seguir mostra o cruzamento do desempenho obtido no conjunto de atividades digitais e sua relação com os resultados da avaliação que definiu as proficiências dos entrevistados (os níveis históricos de alfabetismo). 

Os dados mostram que 40% dos alfabetizados proficientes apresentaram médio ou baixo desempenho em tarefas digitais e 95% dos analfabetos só conseguem realizar um número bastante limitado de tarefas em relação ao que foi proposto. No nível rudimentar, 49% se situam no nível mais baixo da escala, enquanto 48% estão no nível médio. No nível elementar, um grupo expressivo de entrevistados situa-se no nível médio (67%) e outros 18% conseguem alcançar o nível alto. Uma proporção equivalente (15%), no entanto, situa-se no nível baixo de desempenho nas atividades digitais. Os intermediários estão principalmente divididos entre os níveis médio (57%) e alto (38%). Quanto aos proficientes, 60% ficam no nível mais alto de alfabetismo na prova digital. 

Com isso, pode-se afirmar que há uma forte relação entre o nível de proficiência da prova tradicional do Inaf com os níveis obtidos na prova digital. Verifica-se, porém, que entre os rudimentares e elementares há um acerto expressivo, atingindo os níveis médio e alto, apesar das dificuldades que apresentam em termos de leitura e escrita. No sentido oposto, há uma parcela significativa de alfabetizados nos níveis intermediário e proficiente que não atingem um alto desempenho nas atividades digitais.

Vale notar que 21% das pessoas com mais alto desempenho nas atividades digitais têm, em média, uma renda familiar superior a cinco salários mínimos, enquanto essa proporção é de 10% no grupo com desempenho mediano é de apenas 3% no grupo de baixo desempenho.

Pelo critério de faixa etária, os mais jovens, são aqueles que se situam no nível mais alto de desempenho digital, com maior número de acertos no teste proposto, especialmente aqueles entre 20 e 29 anos (38%) e, em seguida, aqueles entre 15 e 19 anos (31%). De modo mais acentuado, entre os mais velhos, na faixa de 50 a 64 anos, apenas 6% situam-se no nível mais alto. 

Ainda na avaliação por idade, o estudo identifica diferenças de desempenho por trilha, considerando as faixas etárias. Os mais jovens (15 a 19 anos) são os que têm o melhor desempenho na situação de escolha de um filme, enquanto o grupo de 40 a 49 anos tem melhor desempenho do que os jovens de 20 a 29 anos e os de 30 a 39 anos na tarefa de realizar a inscrição em um evento por meio do preenchimento de dados em um formulário. Esta é a tarefa em que o grupo de 50 a 64 anos tem também o melhor desempenho.

A escolaridade é outro importante fator que determina o desempenho: 96% daqueles que nunca frequentaram a escola situam-se no nível mais baixo de resultado. Nesse patamar encontram-se 15% daqueles que alcançaram o Ensino Médio e 9% dos que chegaram ou concluíram o ensino superior.

Sobre o Inaf

O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) mede os níveis de Alfabetismo da população brasileira de 15 a 64 anos por meio de um teste aplicado presencialmente envolvendo a leitura e interpretação de textos do cotidiano. Foi desenvolvido pela organização social Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro/IBOPE e implementado em parceria por estas duas organizações entre 2001 e 2015. Com o encerramento das atividades do IBOPE e do Instituto Paulo Montenegro, a parceria passa a ser entre a Ação Educativa e a Conhecimento Social.

Saiba mais: https://alfabetismofuncional.org.br/ Site externo 

Sobre a Ação Educativa

Fundada em 1994, a Ação Educativa é uma associação civil sem fins lucrativos que atua nos campos da educação, da cultura, da juventude, da tecnologia e do meio ambiente na perspectiva dos direitos humanos. Para tanto, realiza atividades de formação e apoio a grupos de educadoras/es, jovens e agentes culturais. Integra campanhas e outras ações coletivas que visam à garantia desses direitos. Desenvolve pesquisas e metodologias participativas com foco na construção de políticas públicas sintonizadas com as necessidades e interesses da população. É sua missão a defesa de direitos educativos, culturais e das juventudes, tendo em vista a promoção da democracia, da justiça social e da sustentabilidade socioambiental no Brasil.

Saiba mais: https://acaoeducativa.org.br/

Sobre a Conhecimento Social – Estratégia e Gestão

Fundada por Ana Lúcia Lima, que até 2015 atuou como diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, é uma consultoria especializada na produção de conhecimento no campo social. É a sucessora do Instituto Paulo Montenegro na coordenação do Inaf sendo uma de suas porta-vozes.

Saiba mais: https://conhecimento.social/ Site externo 

Sobre a Fundação Itaú

Com o intuito de inspirar e criar condições para promover o desenvolvimento de cada brasileiro como cidadão capaz de transformar a sociedade, a Fundação Itaú foi criada em 2019. A instituição dedica programas, ações e articulação com diferentes setores da sociedade para atender às urgências do Brasil contemporâneo. Estruturada em três pilares – Itaú Cultural, Itaú Educação e Trabalho e Itaú Social –, a Fundação garante a continuidade do trabalho desenvolvido ao longo de décadas nos campos da educação e da cultura, a expansão desse legado e uma governança ainda mais robusta – sem perder a legitimidade e a autonomia que sempre marcaram suas iniciativas.

Saiba mais: https://www.fundacaoitau.org.br/ Site externo  

Sobre a Fundação Roberto Marinho

A Fundação Roberto Marinho inova, há mais de 40 anos, em soluções de educação para não deixar ninguém para trás.  Promove, em todas as suas iniciativas, uma cultura de educação de forma encantadora, inclusiva e, sobretudo, emancipatória, em permanente diálogo com a sociedade. Desenvolve projetos voltados para a escolaridade básica e para a solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem.  A Fundação realiza, de forma sistemática, pesquisas que revelam os cenários das juventudes brasileiras. A partir desses dados, políticas públicas podem ser criadas nos mais diversos setores, em especial, na educação. Incentivar a pesquisa científica e a inclusão produtiva de jovens no mundo do trabalho também estão entre as suas prioridades, assim como a valorização da diversidade, da equidade e da educação antirracista. Com o Canal Futura fomenta, em todo o país, uma agenda de comunicação e de mobilização social, com ações e produções audiovisuais que chegam ao chão da escola, a educadores, aos jovens e suas famílias, que se apropriam e utilizam seus conteúdos educacionais.  Mais informações no Portal da Fundação Roberto Marinho.

Saiba mais: https://www܂frm.org.br 

Sobre Instituto Unibanco

O Instituto Unibanco, criado em 1982,  atua para a melhoria da educação pública no Brasil por meio da gestão educacional para o avanço contínuo. O Instituto apoia e desenvolve soluções de gestão para aumentar a eficiência do ensino nas escolas públicas. Além de resultados sustentáveis de aprendizagem, trabalha pela equidade no ensino, tanto entre as escolas, como no interior de cada uma delas, com base em quatro valores fundamentais: Valorizar a diversidade, acelerar transformações, conectar ideia e ser orientado em evidências.

Saiba mais: https://www.institutounibanco.org.br/ Site externo 

Sobre a UNESCO

A UNESCO, criada em 1945, afirma em sua ata constitutiva que o propósito da Organização é contribuir para a paz e a segurança, promovendo cooperação entre as nações por meio da educação, da ciência e da cultura, visando a favorecer o respeito universal à justiça, ao Estado de direito e aos direitos humanos e liberdades fundamentais. Trabalhamos para promover uma educação de qualidade, erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, proteger o patrimônio, fomentar a criatividade e respeitar a diversidade cultural, promover o avanço das ciências a serviço de um futuro sustentável, preservar a biodiversidade terrestre e marinha do nosso planeta, favorecer a liberdade de expressão e construir sociedades do conhecimento. Com 194 Estados-membros, estamos engajados em construir um mundo mais inclusivo e melhor para todas as pessoas. 

Saiba mais: https://www.unesco.org/en/fieldoffice/brasilia Site externo 

Sobre o UNICEF

O UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, trabalha para proteger os direitos de cada criança e adolescente, em todos os lugares, especialmente os mais vulneráveis, nos locais mais remotos. Em mais de 190 países e territórios, fazemos o que for preciso para ajudar crianças e adolescentes a sobreviver, prosperar e alcançar seu pleno potencial. Em 2025, o UNICEF comemora 75 anos no Brasil. O trabalho do UNICEF é financiado inteiramente por contribuições voluntárias.

Saiba mais: https://www.unicef.org/brazil/ Site externo 

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