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Raquel se foi sorrindo

Por ocasião da morte de Raquel Trindade na manhã chuvosa de domingo dia 15 de abril, a Ação Educativa se soma a todos e todas que lamentam o falecimento da dançarina, artista plástica, escritora e folclorista de 81 anos.

Nascida no Recife, Raquel foi sepultada em Embu das Artes, cidade da Região Metropolitana de São Paulo para onde se mudou em 1961 com seu pai, o poeta Solano Trindade com quem fundou o Teatro Popular Brasileiro que veio a se chamar Teatro Popular Solano Trindade após a morte do poeta em 1974.

Raquel Trindade esteve em algumas ocasiões na Ação Educativa. A primeira delas em setembro de 2005 por ocasião do lançamento do livro de poemas de Allan da Rosa. Numa noite histórica, parecia que todos os poetas e escritores da periferia de São Paulo habitavam aquele espaço. Em memória de seu pai, Raquel saudou o acontecimento como o 1º Encontro da Literatura Periférica. Foi o anúncio de uma profecia que se cumpriu. A literatura da periferia se expandiu e tornou-se um grande movimento cultural.

Após aquele evento, Raquel, seu filho Vitor e o neto Zinho passaram a ter muito contato com a Ação Educativa por meio da Agenda Cultural da Periferia e do Encontro Estéticas das Periferias, entre outras iniciativas em parceria com grupos culturais.

Raquel era uma mulher que transmitia sua sabedoria com generosidade. Nas inúmeras manifestações de homenagem oferecidas a ela, havia reiterado uso de uma menção que a define muito bem: Griô.

Griô não morre; se encanta. Ela deixou a materialidade e tornou-se um canto a ecoar, uma loa, um apelo de esperança neste mundo em desencanto. A imagem que dela guardamos é de  um sorriso que não cessa. O último poema que Solano Trindade escreveu fala disso. Talvez ciente de que a morte lhe espreitava, o Poeta do Povo anunciou que em sua despedida estaria sorrindo, ainda que não soubesse o motivo. Raquel se foi sorrindo como seu pai e ao lado dele seguirá o destino que as divindades lhes ofertar. Descanse em paz.

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