Desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Relatório “Humanity Divided: Confronting Inequality in Developing Countries” (Humanidade Dividida: Confrontando a Desigualdade nos Países em Desenvolvimento) demonstra que a diferença de renda entre ricos e pobres ampliou, apesar do aumento dos indicadores sobre prosperidade material.
Nas últimas décadas, o produto interno bruto (PIB) per capita nos países de renda baixa ou média mais que dobrou em termos reais. No mesmo período, a expectativa de vida nos países em desenvolvimento passou de 63.2 anos para 68.6 anos. Entretanto, ainda que o mundo esteja globalmente mais rico que nunca, mais de 1.2 bilhões de pessoas vivem em extrema pobreza. O 1% mais rico da população mundial possui aproximadamente 40% dos bens .
A assessora do programa Educação, Desenvolvimento e Relações Internacionais da Ação Educativa, Filomena Siqueira, ressalta que atitudes discriminatórias e políticas que marginalizam as pessoas com base no gênero ou outras construções sociais, tais como etnia ou religião, colaboram para intensificar a perpetuação da desigualdade.
“A multidimensionalidade da desigualdade implica em uma resposta complexa no sentido da sua superação. É por isto que o Relatório defende que apenas uma abordagem holística da realidade pode resolver os múltiplos fatores causadores da desigualdade e criar condições para uma sociedade verdadeiramente inclusiva.”, explica.
Segundo o Relatório, a desigualdade tem prejudicado a redução da pobreza e, por consequência, o próprio crescimento econômico. O progresso em educação, saúde e nutrição está estagnado para grande parte da população, o que tem extinto o atendimento das necessidades básicas humanas mínimas para o alcance de uma vida digna. Filomena comenta que tal situação tem “limitado as oportunidades e acessos aos recursos econômicos, sociais e políticos fundamentais para o desenvolvimento humano. Além de impulsionar conflitos e desestabilizar populações”.
Ainda assim, o Relatório argumenta que essa situação pode ser revertida. Os dados apontam que muitos países têm conseguido reduzir desigualdades sociais e de renda através de uma combinação de políticas econômicas e sociais progressistas, muitas vezes acompanhadas por uma maior participação e empoderamento da população marginalizada pelo próprio processo de desenvolvimento praticado.
Para Filomena, a aproximação de 2015 e o vencimento das Metas do Milênio intensificam os debates sobre o futuro do desenvolvimento e da cooperação internacional. Ela explica que a conjuntura atual de crise econômica e ambiental acirra os questionamentos sobre o modelo de desenvolvimento em prática e a persistência da desigualdade.
O Relatório conclui que a preocupação com a desigualdade ecoa entre toda a população mundial e pressiona os tomadores de decisão a tornar esse problema central na agenda mundial do desenvolvimento sustentável pós-2015.
Acesso ao Relatório completo na página da UNDP.