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Uma carta para celebrar a educação popular e os 27 anos da Ação Educativa

Uma carta à integridade

Cara leitora, caro leitor,

Te escrevemos essa carta para fazer um convite. Esperamos que leia com atenção e, entusiasmadas/os, aguardamos tua companhia.

Em 2021, comemoramos o centenário de nascimento de Paulo Freire.

Freire nos ensinou que a educação, como experiência humana, é uma forma de intervenção no mundo. Por meio de uma prática educativo-crítica nós, seres humanos, nos assumimos como seres sociais e históricos, que pensam, se comunicam, transformam, criam, realizam.

Freire nos contou que o diálogo é como um gesto de profundo amor à humanidade, que a ação não está separada da reflexão. Ao contrário, uma alimenta a outra, em constante troca. Quando aprendemos na diferença, crescemos e nos entendemos como inacabados, nos tornando assim radicalmente éticos.

bell hooks nos diz que a educação crítica e popular também tem a ver com integridade. “A integridade está presente quando há congruência ou concordância entre o que pensamos, dizemos e fazemos. O sentido da raiz da palavra tem a ver com inteireza”. Integridade é a coerência cotidiana e esperançosa, que nos move, nos inquieta e nos mobiliza diante de um mundo que ainda não fizemos.

A luta contra as desigualdades em nosso país, de maneira articulada e persistente, foi construída por movimentos populares que, dentre várias estratégias, apostam na formação política como um caminho de libertação: seja do indivíduo, de suas questões, de quem se é, de suas dores; seja do coletivo, no fortalecimento das nossas identidades e de nossos sonhos e vozes políticas.

Por isso gostaríamos de te fazer uma pergunta: o que é educação popular para você?

A gente acredita que educação popular é um caminho para a criação e o fortalecimento da mobilização e da ação coletiva, é respeitar os diferentes saberes, é a formação de sujeitos por meio da partilha e da democratização do conhecimento, é o desenvolvimento de uma atitude crítica, é reconhecer e partir da realidade das pessoas, é acolhimento e pertencimento. É a construção de um projeto de vida e de uma concepção política sobre nosso futuro.

Foi pensando em tudo isso que a Ação Educativa criou o Centro de Formação: Educação Popular, Cultura e Direitos Humanos em 2018, para oferecer uma programação anual de formações nas mais variadas questões relacionadas aos direitos humanos, em aliança com uma grande rede de parceiras. Acreditamos que as iniciativas de formação política são um espaço de anúncio, de pesquisa e de experimentação de novas possibilidades de educação. Nossas formações não são somente acesso a conteúdos insurgentes, são espaços de encontro e de convergência do diálogo.

Por entender que educação popular se constitui nesse movimento, neste mês de comemoração aos 27 anos da Ação Educativa, convidamos educadores e educadoras que fazem parte da nossa instituição para escrever e trocar cartas: um diálogo entre gerações, que refletem, praticam, caminham na construção de um mundo mais justo. Sim, são cartas de amor. Às sextas-feiras deste mês de maio, você poderá acompanhar esse diálogo em nossos espaços virtuais. Lembrando bell hooks, esse é um chamado para fortalecermos a integridade em nossas ações políticas.

Com afeto esperançoso,

Denise Eloy

Assessora do Centro de Formação: Educação Popular, Cultura e Direitos Humanos

1. Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire nasceu em Recife, Pernambuco, e é um dos pensadores mais notáveis da pedagogia mundial e da filosofia da educação.

2. Pensadora singular, bell hooks (Gloria Jean Watkins) é professora, escritora, teórica feminista e ativista estadunidente, cujas obras são referências para nossa compreensão das desigualdades estruturais, sociais e culturais no mundo contemporâneo.

3.  HOOKS, bell. Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática. São Paulo: Editora Elefante, 2020.

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