Carolina Peixoto do Nascimento e Dênia Romão Ferreira, alunas do ensino médio.
Carolina e Dênia têm 17 anos e estudam na Escola Estadual Tide Setúbal, na
zona leste da capital paulista. Comentam como elas e os colegas receberam as
mudanças nas escolas públicas paulistas em 2008.
Como o Jornal do Aluno foi recebido por você? E por seus
colegas?
A gente chegou no dia 12 de fevereiro, primeiro dia de
aula, e foi comunicado que teria um novo material de ensino.
Quando foram buscar na sala dos professores aquele
negócio enorme, todo mundo fez uma cara tipo assim: “não acredito”. Podia ter sido uma apostila, uma coisa menor. É de folha grossa, então, vai dobrar, já rasgou... não
cabia na carteira.
Mas teve alguma coisa legal no jornal?
É legal porque dentro da escola ninguém vai poder dizer “ah, eu aprendi tal coisa, você não aprendeu.” De alguma
forma, está todo mundo no mesmo nível. Dá pra sentar
e estudar junto. Têm matérias interessantes. Eu gostei da
matéria de Língua Portuguesa, só que na de Matemática,
tinha erro...
Então como é que se ensina com uma coisa que tem
erro? Não que ninguém possa errar, mas é um material didático.
Pelo visto, ele não passou por nenhum processo de
revisão, e isto prejudica a gente.
Como os alunos se saíram na avaliação do período de recuperação?
As notas saíram agora. Colocaram um pavor na gente,
falaram que aquela nota ia ser a do bimestre e quem fosse
mal ia ficar tendo aula de sábado. Só que as provas foram
colocadas na sala da coordenação e foram corrigidas aos
poucos. As notas serão consideradas só no segundo semestre
e vão servir como uma nota a mais.
Além do jornal, foram trabalhados outros materiais?
Teve uma apostila no segundo bimestre só para os professores,
com os temas para eles trabalharem com a gente.
Para nós, a única coisa que foi mandada foram os livros e a revistinha do DAC [Disciplinas de Apoio Curricular].
O DAC é uma maneira de ter aula diferenciada, de
usar a sala de informática, sala de vídeo e outros ambientes
da escola. Só que o recurso que tem lá para a aula de
DAC é pequeno e é muito raro o dia em que se pode usar.
E a sala de informática?
Só usamos uma vez, e mesmo assim não teve muito
efeito. Tínhamos que procurar um texto num site e chega
lá, não é o mesmo texto que estava na apostila. A gente
acaba se confundindo.
E sobre as faltas dos professores, sentiram alguma diferença?
(Risos) Nenhuma. Não é que os professores faltem
muito... No começo do ano, a gente não tinha professor
de Geografia, Química e Biologia. A atribuição de aula foi
colocada lá em março, já tínhamos tido dois meses de
aula. O professor de Química largou nossa sala porque ia
arrumar uma escola particular. A gente ficou um tempão
sem Química, depois apareceu outro professor. Vai assim:
aparece, some...
Os professores demonstram preocupação em seguir a
proposta do Jornal?
A maioria dos professores fez de tudo para seguir o jornal,
mas a revistinha, não.
O segundo bimestre foi normal, a professora de Português
deu seus trabalhos, a de Química também usou o livro.
As professoras de História e de Educação Física seguiram
a apostila. Com o jornal, todos os professores
trabalharam, porque houve uma pressão muito grande.
Falavam: “se a gente não cumprir, não vai receber o bônus”.
Eles reclamam bastante, falam: “o professor não
pode mais ficar doente”.
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