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Como arte e educação abriram as lentes de Marcelo Rocha e Lucas Quinttino

No mês de maio, a Ação Educativa teve uma iniciativa que era pra ser apenas uma celebração dos seus 27 aniversários, a troca de cartas entre integrantes e parceiros da organização falando sobre sua relação com a educação popular. As conversas revelaram histórias e trajetórias tão comoventes e inspiradoras que sentimos a necessidade de mantê-las.

Como nosso tema de junho é arte e educação, propusemos que Marcelo Rocha, fotógrafo que foi educador do do Projeto Arte e Cultura na Medida, trocasse mensagens com Lucas Quinttino, que foi seu educando e hoje repassa os segredos das lentes aos novos participantes do projeto. Confira abaixo como foi essa conversa:

Saudações Lucas,

Como vai, meu mano?
Espero que receba essa carta muito bem, apesar desse momento tão tenso que estamos vivendo. 

Fico muito feliz de te conhecer nessas trilhas da educação, nesse processo de trocas tão necessárias que me mostrou a importância daquilo que há de mais profundo dentro desse processo educativo, que é se reconhecer no outro e, a partir disso, estar cada vez mais perto.

A experiência construída durante o processo das oficinas de fotografia, nasce a partir de um sonho, uma possibilidade de exercitar os nossos olhares e sermos protagonistas de nossa história. Muito louco, pois esse projeto não fala sobre aquilo que está “fora”, mas fala sobre nosso direito de nos olharmos e dizermos quem somos. Fala muito sobre cada momento que pudemos viver e as possibilidades que criamos nesses espaços. 

Mais que apenas formar fotógrafos, tive a oportunidade de passar mais uma vez o bastão e formar um multiplicador que logo mostrou a sua capacidade de levar conhecimento para outros jovens e isso me deixou muito feliz, lembro de você super empolgado nas caminhadas, passando rapidamente o que tinha se tornado a experiência.

A educação, para mim, ela é essa troca constante, são esses diálogos que ultrapassam aquilo que podemos falar, é sobre o afeto nas pequenas coisas, sobre a sensibilidade do ensinar e a humildade do aprender. Fato é que essa foi uma das coisas que mais me encorajou a seguir, pois vi em você um desejo tão grande que se tornou educador junto conosco na segunda edição, mesmo que virtual. Mas tá valendo né? Pois você via o poder das nossas histórias na formação de cada olhar nesses tempos.

Mas me conta, como tem sido sua vida depois dessa experiência? Queria muito saber mais sobre como anda no meio de todo esse turbilhão?

Tu é orgulho pra quebrada, irmão!

Abraços 

Marcelo Rocha

Veja abaixo a resposta do educador Lucas Quinttino:

Salve Marcelo! Tudo bem sim irmão e com você ? 

Então, meu paizão, nesta resposta eu quero te agradecer por tudo que você representa pra mim até hoje. Sou muito grato por sua vida e a de todos que fizeram parte desse processo educativo comigo. 

Quero dizer que foi muito importante contar com cada um de vocês  que entraram na minha vida. Vocês me ensinaram muita coisa durante o período do curso, foram minha segunda família, não sei nem como agradecer por ter tido a oportunidade de ter feito parte disso tudo.

Você, Marcelo Rocha, foi e é uma das pessoas mais especiais pra mim. Você me acolheu como um filho, puxou minha orelha quando foi preciso, mas também foi a primeira pessoa a me parabenizar quando eu acertei. Você mudou minha história de vida, me fez um profissional e me permitiu enxergar a vida de uma outra forma, quando eu já estava desistindo. Se não fosse você, eu nem estaria aqui te mandando essa carta, já que pelas estatísticas do governo, estaria preso ou morto.

Minha vida depois do curso teve uma reviravolta positiva. É inexplicável o que eu sinto por isso. Hoje eu carrego muito orgulho de mim mesmo, e uma felicidade aumentou ainda mais quando eu recebi a proposta de ser educador no ano seguinte. Nesse dia, eu senti que eu realmente nasci pra fotografar.

Agradeço muito a todos vocês, principalmente aos educadores Filipe Cordon, Bernardo Guerreiro e a você Marcelo, meus pais na vida e na fotografia. 

E essa foto que eu escolhi, a minha primeira oficial, eu dedico muito a vocês.

Lucas Quintino

Esta série de correspondências foi iniciada por Denise Eloy, responsável pelo nosso Centro de Formação. Uma carta de amor com a indagação singela: o que é educação popular?

Os primeiros a respondê-la, na semana seguinte, foram Sérgio Haddad, nosso coordenador de projetos especiais e Giselda Pereira, educadora do projeto Mude com Elas. Em seguida, Edneia Gonçalves, da nossa coordenação executiva, contando o início de sua carreira e foi respondida por João Innecco, coordenador do cursinho TransFormação. Depois, Magi Freitas, coordenadora geral da Ação, enviou sua carta para Tati Fortes, arte educadora no Projeto Arte na Casa.

Continue acompanhando as nossas cartas, e, se sentir vontade, não deixe de mandar a sua pra nós!

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